Colunistas

Pandemias ao longo da história – Jayme José de Oliveira

Pandemias ao longo da história - Jayme José de OliveiraEstamos enfrentando uma pandemia, a tendência é execrar os atingidos pelo coronavírus, quando o correto é promover seu isolamento para evitar a contaminação. Isolados, diminui o risco para a população,contudo, lembremos, são seres humanos que sofrem e correm o risco de perdera vida.

O Papa Francisco, como é de seu feitio, expressou sua solidariedade e a esperança de voltarmos a conviver.

“Esta noite, antes de dormir, pensa em quando voltaremos para a rua. Quando nos abraçaremos de novo, quando iremos às compras todos juntos e isso nos parecerá uma festa.

Vamos pensar em quando regressaremos aos cafés, aos bares, às conversas, às fotos em que nos apertaremos uns aos outros. Vamos pensar que agora é apenas uma memória, mas que a normalidade vai nos parecer um presente inesperado e lindo.

Vamos amar tudo o que até agora nos pareceu inútil. Cada segundo será valioso. Os mergulhos no mar, o sol até tarde, o pôr do sol, os brindes, as gargalhadas. Voltaremos a rir juntos. Força e coragem. Ver-nos-emos em breve”. (Papa Francisco)

Em tempo de coronavírus não custa ressaltar que pandemias acompanharam a História da Humanidade. Um rápido retrospecto das mais impactantes será apresentado em sequência antes de abordarmos o mote principal: o coronavírus.

Lepra – a Bíblia faz referências a esta doença e a estigmatiza de maneira contundente. Leprosos eram execrados, confinados em guetos e deles não podiam se afastar. Do nome Lázaro deriva o pejorativo lazarento o doente e lazareto  sinônimo de leprosário.
O Rico e Lázaro é um relato de Jesus registrado apenas no Evangelho de Lucas 16:19-31
.

Peste Negra – A Peste Bubônica foi um dos episódios mais aterrorizantes da História da Humanidade, durante o século XIV dizimou um quarto da população da Europa, cerca de 25 milhões de pessoas.

Gripe Russa, subtipo H2N2,(1889-1890) – Deixou um rastro de 1,5 milhão de mortos. Começou em Bukara, atual Usbequistão e, em três meses se espalhou pela Ásia, Europa, África, e América. No Brasil, sobrou até para o Imperador D. Pedro II.

Gripe Espanhola, (1918-1920) – Pandemia de Influenza A, do subtipo H1N1, se espalhou por quase todo o mundo, contaminou mais de 500 milhões de pessoas, vitimou entre 50 milhões e 100 milhões. Apesar do nome ela não se originou na Espanha, teve nos Estados Unidos seu início. Era um período de guerra e os países não revelavam seus dados, a Espanha, neutra, não censurava.  Personalidades ilustres tiveram suas vidas ceifadas: o rei Alfonso XIII (Espanha), Franklin Delano Roosevelt, Franz Kafka, Woodrow Wilson, Walt Disney. No Brasil, o presidente Rodrigues Alves e o futebolista Belfort Duarte, patrono do prêmio Belfort Duarte, destinado a atletas escolhidos por seu comportamento exemplar.

Gripe Asiática, subtipo H2N2, (1957-1958) – Até 2 milhões de pessoas perderam a vida. Desenvolveu-se no norte da China e avançou para a Ásia, Oceania, África, Europa e Estados Unidos. Com a tecnologia mais avançada foi possível detectar o agente com rapidez e trabalhar em soluções como as vacinas, infelizmente, não foram em quantidade suficiente.

Gripe HongKong, subtipo H3N2, (1968-1969) – Até 3 milhões de mortos. Transmitida por aves, provocava febre alta, cansaço e dor nas articulações. De rápida progressão. O mundo caminhava a passos largos para a globalização e o incremento de voos internacionais favoreceu a disseminação.

Gripe Aviária, subtipo H5N1, (1997-2004)–Letalidade baixa, apenas 300 mortes contabilizadas. Sudeste Asiático, Europa e África. Para frear a proliferação, só em 1997, foram abatidas 1,5 milhão de aves.  Ela segue como motivo de preocupação, lavar as mãos com água e sabão é uma forma simples e eficiente de evitar o contágio.

Gripe Suína, subtipo H1N1, (2009-2010)–Causou 17 mil mortes. O vírus sofreu uma mutação no México e passou a infectar seres humanos. Parecida com a Gripe Espanhola, vitimou jovens, que, geralmente por terem vida social agitada, correm maior risco de contágio.

CORONAVÍRUS, 2019–COVID-19–O vírus se manifestou em dezembro de 2019 na província de Wuhan, na China, em pessoas que estiveram em uma feira de animais vivos. O vírus se espalhou mesmo entre pessoas que não tiveram contato com a feira, pois é de fácil transmissão via respiratória.

O coronavírus veio da natureza, não é o resultado de uma experiência transgênica de um laboratório. Assim que a doença começou a se propagar na China, os cientistas do país sequenciaram o genoma e tornaram os dados públicos.

Há dois cenários possíveis:

1. O vírus passou por uma mutação natural dentro de um hospedeiro animal e, depois, chegou aos seres humanos, já com capacidade infecciosa. Nesta especulação o vírus tem capacidade de evoluir ainda nos animaise podemos esperar surtos repetidos no futuro.                                                       2. O vírus também passou do animal para o humano, mas só se tornou patogênico no corpo do homem. Nesta hipótese é menor o perigo de futuros surtos. Ainda não se sabe qual das hipóteses é a correta.

A maneira mais barata e eficaz de eliminar os vírus é lavar as mãos com água e sabão porque eles não têm estrutura para resistir à higiene,são protegidos apenas por uma cápsula de gordura que se dissolve e, com isso, o vírus morre. Pelo mesmo motivo o álcool GEL deve ser usado em trânsito – o álcool líquido não deve ser usado, é agressivo para a pele.

Importante: As pessoas que não têm necessidade absoluta de saírem de casa devem obedecer à quarentena. Quando tiverem que se deslocar, tomem as seguintes providências: Ao retornar, troquem de roupa e tomem um banho; as roupas que não forem lavadas imediatamente devem ser penduradas em local isolado de tudo (em 8 horas os vírus morrem); limpem com álcool todas as superfícies que foram tocadas no retorno. Todas. Este procedimento não dará proteção absoluta, mas é o que podemos fazer para garantir uma proteção considerável.

Se todosse conscientizarem da gravidade da situação e obedecerem rigorosamenteos procedimentos recomendados as contaminações e mortes ainda serão consideráveis, porém, na hipótese de haver desleixo criminoso, preparemo-nos para uma hecatombe. É hora de não menosprezar, é hora de precaver para sobreviver, é hora e respeitar a vida do próximo.

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

Comentários

Comentários