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Para especialistas, votação expressiva de Marina mostra que população busca alternativa

A posição que o Partido Verde tomará com relação à disputa presidencial no segundo turno entre Dilma Rousseff (PT) e José Serra (PSDB) será construída a partir de uma série de consultas que a candidata do partido, Marina Silva, fará às lideranças do partido e aos segmentos da sociedade que ajudaram na construção de seu programa de governo.

A atual senadora começa a telefonar para as lideranças do PV, na tarde de hoje (4), para marcar a reunião da Executiva Nacional.

Um dos principais integrantes da coordenação de campanha de Marina negou hoje que ela tenha recebido qualquer emissário do PT ou do PSDB em busca de apoio para o segundo turno. Marina encerrou o primeiro turno com 19,33% dos votos válidos, venceu no Distrito Federal e ficou em segundo lugar em cinco estados. As informações de que os tucanos já teriam acenado com a possibilidade de negociar a vice-presidência na chapa de José Serra foi tomada pelos verdes como uma agressão.

Hoje, a senadora dedicará o dia para descansar. A partir de amanhã (5), ela iniciará as avaliações sobre o rumo que tomará no segundo turno. Perguntado sobre como será a atuação da ex-candidata, o integrante da coordenação disse apenas que Marina será programática nas conversas que serão conduzidas de forma coerente com o que pregou no primeiro turno.

Um dos raciocínios entre os principais assessores da candidata verde é que não será admitido qualquer decisão de conveniência estadual. Ao contrário, o argumento é de que a eleição de deputados estaduais ou federais ocorreu por conta dos votos puxados por Marina Silva na reta final de campanha.

Cientistas políticos da Universidade de Brasília (UnB), como Paulo Kramer, Ricardo Caldas e João Paulo Peixoto, concordam que a quantidade expressiva de votos recebida por Marina, fato novo nestas eleições, demonstra que uma significativa parcela da sociedade não se sente representada pelos políticos tradicionais e busca uma alternativa. Kramer destaca ainda que cabe aos partidos, agora, dar “uma especial atenção” a essa nova parcela do eleitorado que começa a se projetar.

Para o professor, é fundamental que Marina conserve o capital que herdou das urnas. Na sua opinião, as avaliações da ex-candidata verde serão “pragmáticas” e tomadas a partir de uma análise aprofundada das pesquisas encomendadas pelo partido. O essencial, ressaltou, é que “o PV deixa agora de ser um coadjuvante na política e passa a ser um importante aliado na política nacional”.

Ricardo Caldas avalia que Marina passou a ser um “fiel da balança” nas eleições presidenciais de 2010.

O cientista político João Paulo Peixoto acredita que ainda é cedo para qualquer análise sobre a migração dos votos dados à candidata do PV, no primeiro turno. Ele ressalvou, no entanto, que “Marina Silva, neste segundo turno, é uma figura a ser conquistada pelos dois candidatos”.

Peixoto ressaltou também que a candidata verde influenciará, mas não terá a capacidade de transferir automaticamente os votos recebidos seja para Dilma ou para Serra. Uma alternativa que cabe ser ponderada por Marina, destacou, é manter-se neutra para conservar esse eleitorado com vistas a uma campanha futura.

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