Periferias pobres foram os lugares menos afetados pela crise
“A crise não afetou muito o bolso do brasileiro, e as periferias foram os lugares menos afetados, o que não aconteceu na crise do final da década de 1990”, afirmou o economista responsável pela pesquisa, Marcelo Neri. Para ele, a classe média “tirou o país da recessão” ao aquecer o consumo. “O brasileiro empatou com a crise. Em janeiro, devido ao desemprego, houve uma perda, mas esse efeito já foi revertido”.
Segundo a pesquisa da FGV, em relação à julho de 2008 as camadas A e B (renda acima de R$ 4,8 mil) que representam 15% da população estavam apenas 0,5% menor, em julho deste ano. Dessa maneira, contribuiu para o crescimento de 2,5% da classe C (até R$ 4,8 mil), no mesmo período, a ascensão da classe D (R$ 1,1 mil), que diminuiu 4,1% e da classe E (R$ 800), 3,3% menor.
Com a crise reorganizando as classes sociais, o levantamento destaca a participação das áreas mais pobres na retomada da economia. Das seis cidades pesquisadas entre julho de 2008 – antes do agravamento da crise – e julho de 2009, o destaque é o avanço de 20% da renda na periferia de Salvador diante do aumento de 4% da capital. Houve avanço de 7,6% na periferia do Rio de Janeiro, contra 4,9% na capital e, em São Paulo, crescimento de 6,6% na periferia contra queda de 3,3% na capital.
“Talvez, as periferias sejam menos conectadas aos mercados externos via exportação ou aos mercados financeiros, que foram os mecanismos de transmissão da crise”, explicou Neri. “O mercado interno gera atividade, emprego e renda. É um ciclo virtuoso no qual, as periferias, em particular, protegem a economia brasileira do efeitos da recessão mundial.”