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Pesquisa estima que há mais de 24,8 mil infectados por coronavírus no RS

Pesquisa estima que há mais de 24,8 mil infectados por coronavírus no RS Durante transmissão ao vivo, governador conversou com o reitor da UFPel e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal – Foto: Felipe Dalla Valle/Palácio Piratini

Um total de 24.860 pessoas já pode ter sido infectado por coronavírus no Rio Grande do Sul – número nove vezes maior do que mostram os dados oficiais.

É o que indica a terceira etapa da pesquisa de prevalência da população divulgada nesta quarta-feira (13/5) pelo governo do Estado e pela Universidade Federal de Pelotas (UFPel).

Na fase anterior, há duas semanas, o levantamento apontava para 15 mil infectados. Na primeira, eram 5,6 mil.

“Os dados que temos dessa pesquisa, que mostram as condições atuais e a velocidade de propagação do vírus, são muito importantes porque fazem parte dos parâmetros que utilizamos para o Distanciamento Controlado, um modelo complexo que utiliza diversos critérios e indicadores, o que nos ajuda a traçar as melhores estratégias”, destacou o governador Eduardo Leite durante a divulgação dos dados em transmissão ao vivo pelas redes.

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– – Foto: Seplag

Dos 4,5 mil testes rápidos aplicados entre os dias 9 e 11 de maio, 10 pessoas testaram positivo. Destas, quatro foram em Passo Fundo, município que vem apresentando números de casos e mortes elevados nas estatísticas oficiais. Os outros foram em Ijuí (2), Caxias do Sul (1), Pelotas (1), Porto Alegre (1) e Santa Cruz do Sul (1). Completam a lista de cidades onde a pesquisa foi feita Canoas, Santa Maria e Uruguaiana. Juntos, os nove municípios representam 31% da população gaúcha.

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– – Foto: Seplag

Na fase anterior, houve seis testes positivos e, na primeira, dois. Isso mostra um aumento progressivo no número de casos, mas em progressão aritmética, e não geométrica – como tem acontecido no Brasil e como foi nos países com os piores cenários.

“Importante salientar que temos, a cada pesquisa, uma fotografia, e o conjunto de fotografias começa a formar um filme. Com isso, na medida em que temos novas rodadas de resultados, podemos observar uma tendência sobre o comportamento do coronavírus no nosso Estado. E é muito positivo ver que não está acontecendo o movimento exponencial. É uma boa demonstração de controle até aqui no Rio Grande do Sul, o que se associa a outros indicadores, como o movimento das internações hospitalares, que não tem atingido picos”, pontuou o governador.

A terceira rodada do estudo de Epidemiologia da Covid-19 no RS (Epicovid19) detectou anticorpos em 0,22% do total de pessoas testadas. Na etapa anterior, esse índice foi de 0,13%, e no primeiro levantamento, há um mês, de 0,05%.

Os novos dados, portanto, estimam que haja um infectado a cada 454 gaúchos – na testagem anterior, era um caso positivo a cada 769 pessoas; na primeira, um a cada 2 mil.

“Os casos notificados representam apenas uma parcela do total, confirmando a nossa teoria do iceberg de que existe uma parte visível, representada pelas estatísticas oficiais, e uma parte submersa, que precisa ser conhecida para que sejam tomadas as melhores decisões para o seu enfrentamento”, lembrou o reitor da UFPel e coordenador da pesquisa, Pedro Hallal.

Se por um lado a prevalência de pessoas com anticorpos aumentou, por outro, o número de subnotificações reduziu. Nesta última rodada, a pesquisa estimou que, para cada caso notificado, haveria nove subnotificados. Na fase anterior, foram apontadas 12 subnotificações. Pela margem de erro, esse número pode variar entre quatro e 16.

Distanciamento social

O aumento da prevalência de pessoas com anticorpos no Estado veio acompanhado de uma diminuição do número de pessoas que respeitam as orientações de distanciamento social. Entre a primeira etapa e a última da pesquisa, o percentual da população que relatou sair de casa diariamente aumentou de 20,6% para 30,4%. Entretanto, em relação à segunda rodada, subiu de 28,3% para 30,4%, percentual considerado estável.

Com a nova política de Distanciamento Controlado, que passou a valer em todo o território após a última testagem, na segunda-feira (11/5), segmentando por região e setor as medidas, o governo espera ter um equilíbrio entre a preservação da vida e da atividade econômica, com restrições no local, no momento e na proporção que forem necessárias.

“Quero reforçar duas palavras: inovação e transparência. O governo do Rio Grande do Sul criou o Gabinete de Crise e uma série de comitês para melhor se informar e tomar decisões orientadas no que de melhor a ciência pode produzir. Todos os dados em que nos baseamos são divulgados de forma muito transparente. Além disso, o Estado é o único lugar no mundo onde há três rodadas de uma pesquisa com base amostral em que se consegue acompanhar e controlar de que forma caminha esse vírus”, afirmou a secretária de Planejamento, Orçamento e Gestão, Leany Lemos.

Letalidade maior

A pesquisa trouxe, pela segunda vez, a estimativa de letalidade. Se o cálculo for baseado nos casos notificados – 105 óbitos e 2.576 casos confirmados no dia 10 de maio –, a letalidade estimada seria de 4%. Isso significa que, a cada cem pessoas que contraírem o vírus, quatro morreriam por conta da Covid-19.

Quando o cálculo leva em consideração o total de casos estimado pela pesquisa de prevalência (24.860) e o número de óbitos confirmados (105), a estimativa de letalidade cai para 0,42%. Ou seja, seriam quatro mortes a cada mil infectados por coronavírus.

No resultado da rodada anterior de testes, a letalidade era menor: 3,6% levando em conta apenas casos confirmados e de 0,33% quando considerada a estimativa de infectados aponta pela pesquisa.

Sintomas mais comuns

Pela primeira vez, a pesquisa Epicovid19 divulgou resultados sobre os sintomas mais relatados pelas 18 pessoas que foram confirmadas com anticorpos nas três fases. O campeão foi dor de garganta (presente em 22% dos casos), seguido por tosse, diarreia e alterações de olfato/paladar (17%), tosse (11%) e, por último, febre (6%).

Novas rodadas no RS e início no Brasil

Ainda em andamento, o estudo Epicovid19 deve realizar pelo menos mais duas rodadas de testes e entrevistas. A próxima está prevista para os dias 23, 24 e 25 de maio. A seguinte ainda não tem data confirmada.

Os dados obtidos no atual estágio da pandemia são similares aos coletados em outros países, como Áustria (0,3% da população estaria infectada) e Islândia (0,6%), e se referem exclusivamente ao Rio Grande do Sul, mas o Epicovid19 também será replicado no Brasil inteiro.

A primeira fase do estudo nacional vai a campo nesta quinta-feira (14/5). A previsão é coletar amostras em 133 cidades em todos os Estados, realizando mais de 33 mil testes em cada uma das três fases, intercaladas por duas semanas, totalizando quase 100 mil pessoas.

O Epicovid19 é coordenado pelo governo do Rio Grande do Sul e pela UFPel, mobilizando uma rede de 12 universidades federais e privadas: Imed Passo Fundo, Universidade de Caxias do Sul (UCS), Universidade de Passo Fundo (UPF), Universidade de Santa Cruz do Sul (Unisc), Universidade do Vale do Rio dos Sinos (Unisinos), Universidade Federal da Fronteira Sul (UFFS/Passo Fundo), Universidade Federal de Ciências da Saúde de Porto Alegre (UFCSPA), Universidade Federal de Santa Maria (UFSM), Universidade Federal do Pampa (Unipampa/Uruguaiana), Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS), Universidade La Salle (Unilasalle-Canoas) e Universidade Regional do Noroeste do Estado do Rio Grande do Sul (Unijuí).

O estudo tem um custo estimado em R$ 1,5 milhão e apoio da Unimed Porto Alegre, do Instituto Cultural Floresta, também da capital gaúcha, e do Instituto Serrapilheira, do Rio de Janeiro.

Clique aqui e acesse a terceira fase do Epicovid19.

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