Pesquisadores alertam para ocorrências de tsunamis meteorológicos no Litoral Gaúcho
Cientistas estão pesquisando com mais intensidade os meteotsunamis, ou tsunamis meteorológicos, fenômenos que ocorrem no oceano e eram considerados incomuns, mas que passaram a ser registrados com alguma frequência nos litorais gaúcho e catarinense nas últimas décadas, causando estragos na região costeira.
O meteotsunami é uma onda com característica similar ao tsunami comum, aquele induzido por atividade sísmica.
A diferença é que ela é originada por fenômenos atmosféricos, causados pela variação da pressão atmosférica, associada à passagem de uma linha de instabilidade sobre a região costeira.
Pesquisadores ligados à Universidade Federal do Rio Grande (Furg) e da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) começaram a estudar o fenômeno no início dos anos 2000, debruçando-se sobre um fato ocorrido em março de 1977, quando teria sido registrado pela primeira vez na imprensa um meteotsunami no balneário Cassino.
Na época, moradores relataram a chegada de um “misterioso vagalhão” que cobriu toda a praia, passando por cima de 14 carros e derrubando um trailer.
Uma mulher que estava sobre o molhe da Barra de Rio Grande se assustou, tentou correr e caiu, morrendo ao bater com a cabeça nas pedras. A água chegou às dunas, distantes 200 metros da praia. Tudo teria ocorrido em menos de dez minutos, após o tempo escurecer e o vento mudar de direção.
Entre 2009 e 2021, pelo menos, sete eventos foram registrados nos litorais Sul e Médio do Rio Grande do Sul e no litoral de Santa Catarina: Pântano do Sul (SC), em 2009; Cassino (RS), em 2014; trecho Araranguá – Rincão (SC), em 2016; Tavares e Mostardas (RS), em 2018; trecho Rincão – Camboriú (SC); em 2019; e, novamente, no Cassino (RS), em 2020 e 2021.
Em praticamente todos, houve estragos em veículos que estavam sobre a areia e em habitações vizinhas à praia.
Apesar de o fenômeno ainda não ter sido identificado no Litoral Norte gaúcho, os cientistas não descartam esta possibilidade. Inclusive, relata, já podem ter até ocorrido.
Um dos meteotsunamis em estudo formou uma onda que percorreu 40 quilômetros de extensão de costa, afetando as praias do Farol, em Tavares, e Balneário Mostardense e São Simão, em Mostardas, por volta das 3h da madrugada de 23 de setembro de 2018.
A força da onda entortou postes, derrubou casas de madeira e de alvenaria próximas à faixa de areia e deixou outras parcialmente destruídas. Onde não havia dunas frontais, a água cruzou vias e sangradouros e acabou invadindo a área de moradias, distante cerca de 200 metros da praia. Não houve vítimas por ser período fora de veraneio.
Os cientistas alertam que o fenómeno é ainda imprevisível e rápido e precisa ser ainda mais estudado, inclusive, para garantir a segurança os banhistas.
As informações são de Zero Hora.
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