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Política e saúde mental* – Dr. Sander Fridman

Política e Saúde Mental*

Esperança para o futuro, consenso sobre fatos,verdades e realidade, acordo sobre o que é normal e moral: estes são alguns dos importantíssimos papéis da política.É difícil avaliar o terrível impacto emocional  e psíquico de um mundo abjeto, injusto, absurdo:como esperar correção e pragmatismo nos atos individuais, e a coesão social necessária para forjar com sucesso empreendimentos econômicos e sociais, bem como sentimentos de amizade,auto-estima, auto-eficácia social e econômica?
A experiência cotidiana muda continuamente o contexto e impõe continuamente oscilações nas crenças e valores,que precisam ser reconhecidos e atualizados por meio do debate político,com reflexos sobre leis e normas. Por isso é a política um projeto sem fim.

O sentimento de estranheza em relação a dado comportamento é um dos parâmetros importantes na avaliação da saúde ou doença mental.Por isso, certos comportamentos que foram considerados excessivamente desviantes no passado, hoje poderão ser acordados como aceitáveis. Do mesmo modo, condutas antes aceitáveis, podem se tornar progressivamente impensáveis, fortemente reprováveis.

As mudanças podem ocorrer lenta e progressivamente, mas também em saltos.Como as mudanças normativas,ou na opinião coletiva,seguem mais ou menos longe as mudanças nos usos e costumes das pessoas isoladamente ou em seus pequenos grupos,o sentimento de inadequação e solidão podem ser periodicamente aliviados pelos novos consensos que vão sendo gerados, e que se expressam no debate público, na política e na arte. A política permite conduzirá continua concertação, pacificação social, para que a criatividade,a coesão e a tolerância social sejam continuamente recuperadas e potencializadas, rumo ao resgate e à manutenção da saúde mental de pessoas e da sociedade como um todo.

Os grupos sociais mais produtivos, criativos, bem sucedidos e felizes, são aqueles em que a criatividade, a liberdade e a coesão encontram seu ponto de ótimo. Não há sociedade bem sucedida, com indivíduos majoritariamente felizes e produtivos, onde não houver uma política que seja fruto de uma democracia sadia e inclusiva, produto de regras que organizem as contribuições individuais e coletivas, estritamente respeitadas.

Sociedades livres e abertas, entretanto, encontram-se permanentemente vulneráveis às intrusões fraudulentas e à manipulação midiática. A liberdade precisa ser defendida com a cobrança permanente das responsabilidades. Hoje, um grande grupo de influência, articulado ideologicamente,domina sociedades científicas, institutos de pesquisa, centros universitários e empresas da grande mídia, com o único fito de enganar e manipular mentes e corações, pavimentando o caminho para o poder de grupos políticos comprometidos com o desmanche da democracia e da política fundada na liberdade.

Se a saúde mental de pessoas e grupos depende da política saudável, e esta da liberdade com responsabilidade, a primeira obrigação do cidadão é afastar da vida publica cidadãos e partidos que ativamente conspiraram contra a verdade e a liberdade, ao associarem-se a organizações criminosas, violarem liberdades e direitos fundamentais sob o pretexto fraudulento de promoverem a saúde pública, ou ao se calarem diante disso.

* Dr. Sander Fridman é psiquiatra, psicanalista cognitivista, e psiquiatra forense.

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