Ponte entre o RS e a Argentina tem contrato previsto para assinatura em junho e pode, enfim, sair do papel após décadas de promessas e frustrações. Sonhada desde a década de 1980, a travessia internacional ligará a cidade gaúcha de Porto Xavier, na região das Missões, à argentina San Javier, encerrando a dependência do serviço de balsa sobre o Rio Uruguai, limitado por horários e condições climáticas adversas.
O investimento de R$ 214,6 milhões virá do Novo PAC (Programa de Aceleração do Crescimento) e representa um marco esperado há mais de 40 anos para o desenvolvimento da fronteira sul.
A travessia internacional, que será a terceira ponte entre Brasil e Argentina — ao lado das estruturas já existentes em Uruguaiana e São Borja —, promete impulsionar o comércio internacional e o turismo bilateral.
A obra, uma demanda histórica da região, deve permitir o escoamento de safras, especialmente da soja produzida no norte gaúcho, reduzindo custos logísticos ao utilizar portos argentinos.
Autoridades locais também apontam que o novo eixo vai potencializar o turismo e fortalecer os laços comerciais entre os dois países.
A licitação foi vencida por um consórcio liderado pela Rivoli Construtora, composto também pelas empresas Vereda Engenharia, Construtora Mello Azevedo, Ambienger Engenharia Ambiental e Agrar Consultoria.
A ponte terá 900 metros do lado brasileiro, com conexão à BR-392, e 500 metros em território argentino. O projeto inclui ainda a construção dos complexos alfandegários, essenciais para controle migratório e operações de importação e exportação.
Apesar da previsão de assinatura do contrato neste mês, o Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) ainda não estipulou a data para a emissão da ordem de início das obras.
A contratação segue o modelo integrado, o que significa que o mesmo consórcio executará todas as etapas do empreendimento — da elaboração do projeto executivo à execução física da obra.
Uma das etapas iniciais será o detalhamento do plano de desapropriação, que deve confirmar ou revisar os 34 imóveis inicialmente previstos para remoção.
A responsabilidade pelas indenizações caberá à União. Outro passo importante é a liberação do empenho, ou seja, a reserva do orçamento federal para garantir o início da construção.
Ponte entre o RS e a Argentina
O prefeito de Porto Xavier, Gilberto Menin, comemorou o avanço e se mostrou confiante na viabilidade da travessia:
— Estou otimista, pois essa ponte representa uma transformação para o comércio e o turismo da nossa região. O custo é baixo diante do impacto que ela vai gerar para o país — afirmou.
No entanto, a comunidade regional ainda guarda cautela. Em 2022, a empresa Coesa Construções chegou a assinar contrato para tocar a obra, mas acabou rompendo o acordo por dificuldades financeiras, o que atrasou o processo e obrigou o governo federal a promover nova licitação, respeitando os trâmites legais de rescisão contratual.
Agora, com a proximidade da assinatura do contrato e novo fôlego orçamentário via PAC, a ponte entre o RS e a Argentina volta ao centro das atenções. A expectativa é de que os trabalhos possam, de fato, começar em 2026, com prazo de execução estimado em quatro anos.
A travessia, se finalizada, colocará fim a décadas de espera e poderá reescrever a história econômica e social da região missioneira.