Prá quem fica, tchau!
Era manhã de uma quinta-feira, quando o telefone tocou e, através dele, recebi o convite de Giovanni Miragglia, âncora do programa Ponto de Vista, da Rádio Horizonte, de Capão da Canoa, para, excepcionalmente, participar de sua edição naquele dia, já que, habitualmente, compareço nas terças-feiras.
Apesar do receio, aceitei o convite. Receio porque, naquela manhã, não havia lido os jornais, que me servem de sustentação para a pauta dos debates. Fiz o raciocínio seguinte: se o assunto viesse do Planalto Central deste tão traído Brasil, nada seria diferente, a não ser a pergunta: “Qual é o nome da hora?”.
Quando nós, os honestos e íntegros, nos utilizamos das armas brancas da moral e da ética para conquistar nossos objetivos – o mercado de trabalho, sua estabilidade, a educação para nossos filhos, a segurança pública, a saúde, a aquisição de casa própria, a merecida e digna e LEGAL aposentação – e nos deparamos com as notícias diárias de escândalos, fraudes, utilização de caixa 2 de campanha – olhem, querem saber de uma coisa? Melhor dizendo: e nos deparamos com as notícias diárias DAS MAIS SÓRDIDAS DAS SACANAGENS, em que seus protagonistas, pertencem aos mais altos escalões políticos e governamentais, só nos resta jogar a toalha e desistir, senão da vida, da perspectiva de uma Nação que orgulhe seus filhos.
A perpetuação da sacanagem é fato consumado. Sarney – mais antigo que o próprio Congresso, como instituição – gerou seus incondicionais e fieis escudeiros. Nominar a todos esgotaria não apenas a página da coluna, como a própria edição deste semanário.
Muito este e os politizados articulistas de Litoralmania já batemos na mesma tecla: o grito de aversão dos justos! Só que, desta feita, o piano quebrou. Sandices insistir em dizer que o voto é a arma do povo. Se verdadeiramente o fosse, somos sempiternos maus atiradores.
Por isso, sem prazo determinado, saio de cena desta página eletrônica. Vou dar um tempo a meus desencantos, minhas desilusões, com a dolorosa certeza de que, se tampouco jornalistas do quilate de Diogo Mainardi, Arnaldo Jabor, Elio Gaspari conseguiram desmontar, através de sua escrita contundente e livre, uma parte que fosse dessa imensa bandidagem, o que restaria a este pequeno escriba da aldeia?