Pra ver a banda passar – Sergio Agra
SERGIO AGRA – Intelectual não vai a praia. Intelectual bebe.
PRA VER A BANDA PASSAR
Paródia da marcha-rancho “A Banda”,
de Chico Buarque de Holanda
Estava à toa em Paris,
o meu ParTido chamou
pra dar uma força pro “hômi”,
poiso alambique secou.
O meu guru, constrangido,
estampou seu temor
ouvindo o Moro ditar:
“Pallocci éseu delator”.
Paulo Maluf que evadia dinheiro, murchou,
Tônio Palocci, apavorado, então seentregou,
e a Manoelinha que cheirava o cangote,
cismou que o guru “estava” pra ela.
A Mineirona que vivia emburrada surtou,
bateu palminhas e o bundão rebolou,
toda enfezada ela até rezou,
achando que o Santo propina topou.
Mas como bem necessário,
a Gleisi Helena intimou,
me garantindo salário,
como incentivo à cultura.
O Okamotto arroxou,
o “caixa 2” contestou,
e o meu cachê só pagou
com mortadela e “mantega”.
A cara feia do Paulinho da Força mostrou
que o meu couvertseria todo quitado e provou
que o apartamento que eu mantenho na França,
osmeus “companhêros” pagaram a fiança.
A marcha fúnebre se espalhou na Avenida a seguir
a escolta negra de blindados que ligeiro rodava,
e lá na pista a aeronave esperava
a torre avisar: “Já pode partir!”
Naquela noite de abril
a elite branca enfeitada
ouviu o “hômi” rugir:
“Vou me afogar num barril!”
Mas para meu desencanto
valeu o fumus boni júri
e o frigobar se instalou
sem o periculum in mora.
E aquelas onze excrecências
de malfadado perfil
golfaram maledicências
desde o “supremo” covil:
– Ouçam a banda apitar,
“fedendo” todo o Brasil.
– Ouçam a banda apitar,
“fedendo” todo o Brasil
– Ouçam a banda apitar,
“fedendo” todo o Brasil…