Presídio de Torres não garante segurança, e Deise Moura será transferida
Deise Moura dos Anjos, presa desde 5 de janeiro sob suspeita de envenenar um bolo que resultou na morte de três pessoas na véspera de Natal, será transferida do Presídio Feminino de Torres para a Penitenciária Feminina de Guaíba.
A decisão foi autorizada pelo juiz Jefferson Torelly Riegel na última quinta-feira, e sua remoção deve ocorrer em breve.
A unidade prisional na Região Metropolitana de Porto Alegre já havia concedido uma vaga para Deise em 22 de janeiro, após um pedido do presídio do Litoral Norte, que também enviou um ofício à 1ª Vara Criminal de Torres solicitando a transferência.
Superlotação e falta de segurança motivam a transferência
A direção do Presídio Feminino de Torres argumenta que não possui estrutura adequada para garantir a segurança de detentas como Deise.
O local, atualmente, abriga 73 presas, mas tem apenas 54 camas, o que faz com que 19 mulheres durmam no chão.
Como Deise precisa ser mantida em uma cela separada, a superlotação se torna ainda mais crítica, principalmente durante a alta temporada do verão, quando o número de detentas tende a aumentar.
Outro fator determinante para a transferência foi a prorrogação da prisão temporária de Deise por mais 30 dias.
A administração do presídio destacou que mantê-la em uma cela individual dificulta a organização das internas e complica a separação de presas com doenças transmissíveis, colocando a saúde de todas em risco.
Ameaças constantes dentro do presídio
Deise tem sido alvo de hostilidades por parte das outras presas. Segundo relatórios internos, há insatisfação entre as detentas devido à natureza do crime pelo qual ela é investigada.
Durante o período de pátio, da janela da cela 01, xingamentos e ameaças são direcionados a ela frequentemente.
A administração do presídio confirma que Deise precisa ficar isolada para evitar conflitos. Atualmente, ela tem direito a uma hora de banho de sol diariamente, mas em um horário distinto das demais.
Revolta pelo envolvimento de crianças no caso
Os agentes penitenciários avaliam que a revolta das detentas contra Deise se intensificou após a divulgação do exame toxicológico que detectou arsênio no filho dela, uma criança de 9 anos.
Além disso, no caso do bolo envenenado, outro menino, filho de uma das vítimas, também foi intoxicado com a substância.
As investigações conduzidas pela Polícia Civil apontam Deise como a principal suspeita dos envenenamentos.
“Crimes que envolvem crianças geralmente são repudiados dentro do sistema prisional”, explicou um agente penitenciário.
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