Primavera chegando: novos temporais, muita chuva, riscos de ciclones e forte ressaca do mar no RS
A Primavera de 2023 começa neste sábado (23) às 3h50 com o equinócio, marcando a transição para o verão.
No início da primavera, os dias terão aproximadamente a mesma duração das noites, e no Hemisfério Sul, os dias vão ficando cada vez maiores e as noites cada vez menores, até o dia com maior presença do Sol no ano, que ocorre no início do verão, que em 2023 será em 22 de dezembro à 0h27 (horário de Brasília).
El Niño mais forte
A primavera deste ano vai se dar sob a influência do episódio do fenômeno El Niño mais forte desde 2015. No fim do inverno, o El Niño apresentava moderada a forte intensidade.
Ao longo da primavera, conforme a estação evolui, o El Niño tende a se intensificar e pode atingir forte a muito forte intensidade até seu pico no fim do ano.
A tendência para a primavera deste ano é de chuva acima a muito acima da média na maior parte do Sul do Brasil por conta da influência do fenômeno El Niño.
Espera-se uma repetição do padrão observado em anos como de 1997, 2009 e 2015 com grandes excessos de chuva, em particular no Rio Grande do Sul, em que alguns meses podem terminar com até o dobro ou triplo da precipitação média histórica mensal.
De acordo com a Metsul, o Rio Grande do Sul é o estado que mais preocupa no Sul do Brasil nesta nova estação.
Isso porque o mês de setembro terminará com volumes extraordinariamente altos no estado e com os níveis dos rios acima a muito acima dos seus níveis normais.
A tendência de uma primavera mais chuvosa e com excessos de precipitação agrava demasiadamente os riscos hidrológicos, assim que novas enchentes devem ser esperadas e com risco de serem de grandes proporções.
O Oeste gaúcho, até agora poupado de grandes cheias no Rio Uruguai, será região do estado em que o risco de enchentes aumentará muito ao longo desta primavera.
Temperatura na estação
A tendência é de uma primavera com temperatura acima a muito acima da média em quase todo ou mesmo em todo o Centro-Sul do Brasil.
A alta frequência de chuva dificulta a ocorrência de ondas de calor de mais longa duração no Sul do Brasil, mas, por outro lado, a maior umidade tornará os dias mais abafados e com noites mais quentes.
Em novembro e dezembro cresce o risco de episódios de calor muito intenso a extremo de calor que podem vir a caracterizar ondas de calor no Sul.
A MetSul destaca que a primavera é período com maior frequência de tempestades, não raro severas com intensos vendavais e granizo. Há precedentes de tornados na estação.
Neste ano, com o Pacífico aquecido e uma tendência de temperatura e chuva acima da média no Sul do Brasil, a MetSul avalia que a frequência de tempestades pode ser muito alta no Sul do Brasil.
Uma condição típica da primavera no Rio Grande do Sul é o vento que sopra da tarde para a noite do quadrante Leste, às vezes com rajadas fortes.
O contraste térmico entre ar frio na costa e ar quente no continente, assim como de pressão, acentua o vento da tarde para a noite do quadrante Leste, sobretudo em outubro e novembro, o que rendeu a expressão popular de “Vento de Finados”.
Neste ano, como se espera uma menor frequência de incursões frias, o vento Leste da tarde para a noite será menos frequente que em anos anteriores de La Niña e muitas incursões frias tardias.
A estação ainda tem risco de ciclones extratropicais no Atlântico Sul e que, em alguns casos, podem ser intensos e provocar muito vento e forte ressaca do mar na costa gaúcha.
Com El Niño, contudo, o risco destes ciclones é maior no inverno e menor na primavera, uma vez que o predomínio de ar mais quente nas latitudes médias resultará em menor contraste com massas de ar frio (baroclinia), o mecanismo que forma os ciclones.
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