Vida & Saúde

Programa de Saúde Escolar reduz à metade gravidez na adolescência

Um trabalho realizado pela Divisão de Saúde Escolar da Secretaria de Educação, voltado a alunos de Ensino Fundamental e Médio de Porto Alegre reduziu em mais de 50% os casos de gravidez e paternidade precoce entre adolescentes. A metodologia agora está sendo implantada em todas as escolas da rede estadual de ensino, onde um levantamento realizado em 2006 apontou quase 2 mil estudantes grávidas.

Os dados foram apresentados nesta sexta-feira (3), pela coordenadora do trabalho, a psicóloga Marta Veiga, durante o 2º Fórum Estadual de Planejamento Familiar, na Capital. Segundo ela, o monitoramento dos adolescentes iniciou em 2005, com equipes itinerantes atuando em escolas-pólo e nas suas escolas-satélite, distribuídas em nove microrregiões de Porto Alegre.

Inicialmente, foram coletadas as informações que serviriam de parâmetro para as ações seguintes. Os dados obtidos surpreenderam: meninas tinham filho a partir dos 14 anos e os meninos tornavam-se pais aos 15; havia falta de envolvimento da família na vida dos adolescentes; a gravidez era motivo de evasão escolar; a sexualidade e o erotismo juvenil estavam banalizados; filhos representavam produtos e eram motivo de auto-afirmação.

A constatação mais surpreendente, contudo, foi de que os jovens tinham conhecimento de métodos contraceptivos, mas não os utilizavam por tabu ou preconceito. “Ou seja, havia a informação, porém faltava o estímulo à reflexão”, disse Marta. Assim, era preciso desenvolver atividades permanentes e não campanhas pontuais, que já haviam se mostrado ineficientes.

A Secretaria da Educação concebeu ações levando em conta a realidade individual das comunidades. Cada projeto é único. “Implementamos capacitações de professores, oficinas com alunos, atividades culturais e envolvemos a família no processo educativo dos adolescentes”. A psicóloga concordou que o processo para reverter os paradigmas é longo, mas os primeiros resultados foram considerados positivos.

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Em 2005, havia 457 adolescentes grávidas, reduzidas para 207 (54,7%) no ano seguinte. Já os 146 casos de paternidade caíram em 2006 para 71 (51,4%). Animada, a equipe do Saúde Escolar estendeu o trabalho às mais de 2,5 mil escolas estaduais do interior, onde encontrou 1.906 meninas grávidas, com idade média de 16 anos – algumas, tinham 12 anos -, e 659 meninos, de 17 anos em média, além de 602 evasões.

“O ponto comum do trabalho como um todo é o de que é preciso dialogar com os adolescentes e passar referenciais e valores para que eles possam alimentar sua auto-estima, criar uma expectativa de vida e de futuro. E a escola tem de ser esse referencial”, concluiu.

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