Projeto RS Biodiversidade divulga lista de espécies exóticas invasoras
“As espécies exóticas se disseminam de forma desenfreada e sem controle, expulsam as espécies nativas e acabam prejudicando o funcionamento dos ecossistemas”, explica Sílvia. Conforme a engenheira florestal, bactérias, fungos, insetos, plantas e animais podem ser considerados espécies invasoras. “O desequilíbrio causado por estas espécies pode levar à extinção das espécies nativas, seja por competição ou por predação”, afirma.
Dentro do Projeto RS Biodiversidade – executado pela Emater/RS-Ascar, juntamente com a Fundação Zoobotânica e Fepam, sob a coordenação da Sema/RS -, pesquisadores e técnicos de diversas instituições realizaram um levantamento das espécies invasoras reconhecidas e já presentes no Rio Grande do Sul e elaboraram planos de manejo, prevenção e controle de espécies exóticas invasoras em áreas consideradas prioritárias para a conservação da biodiversidade no Estado, como o Bioma Pampa.
Dentre as espécies exóticas invasoras no Rio Grande do Sul, destacam-se a acácia negra, cujas sementes têm alta durabilidade e podem permanecer no solo por mais de 50 anos; o pinheiro australiano (casuarina), plantado para contenção de dunas; e árvores exóticas, como a nêspera (ameixa amarela), a uva do japão, o ligustro e o pinus.
Controle do pinus e olericultura orgânica
No município de Mostardas, a equipe local da Emater/RS-Ascar tem desenvolvido um importante trabalho de controle do pinus – considerado uma das principais espécies exóticas invasoras no Rio Grande do Sul, ocupando 171.210 hectares no Estado, conforme dados de 2010 da Associação Brasileira de Florestas Plantadas (ABRAF) -, e de incentivo à produção orgânica de olerícolas, dentro das ações do Projeto RS Biodiversidade.
Em uma área de três hectares, antes tomada por pinus, foi realizado o manejo das árvores, dando espaço para a implantação de pastagens de aveia e serradela. “Com isso, o produtor terá onde criar seus animais e poderá aproveitar os produtos da floresta, como a resina do pinus e a madeira”, explica o zootecnista da Emater/RS-Ascar José Severino Braga Pereira.
O trabalho de incentivo à olericultura orgânica envolve 12 produtores, que abastecem as feiras de Mostardas. Com foco no cercamento e manejo das áreas, com utilização de sistemas de irrigação, e no cultivo protegido em estufas, os agricultores envolvidos nesta ação têm conseguido produzir alimentos mais saudáveis e suprir a demanda local por olerícolas, principalmente durante o inverno, quando costuma ocorrer uma diminuição da produção. “É um processo de conscientização dos produtores e de transição gradual para sistemas de produção sem agrotóxicos”, explica o engenheiro agrônomo da Emater/RS-Ascar Matias Kraemer.
Projeto RS Biodiversidade
Com o lema “Conservar para Produzir”, o projeto é uma das políticas do Governo do Estado que busca promover o desenvolvimento sustentável dos campos nativos, banhados e florestas através da conservação, manejo e estímulo às potencialidades regionais da biodiversidade gaúcha. A iniciativa, cuja gestão cabe à Sema, conta com recursos de cinco milhões de dólares provenientes do Fundo Global do Meio Ambiente, com contrapartida de 6,1 milhões de dólares do Governo do Estado, ressarcidos em forma de medidas compensatórias. O Banco Mundial é a agência implementadora do Programa.
Através do RS Biodiversidade, a Emater/RS-Ascar já implantou cerca de 200 projetos com atividades de promoção da biodiversidade em propriedades rurais em 33 municípios das regiões da Quarta-Colônia, do Escudo Sul-rio-grandense, da Fronteira Oeste e do Litoral Médio, com foco no manejo rotativo do campo nativo, olericultura orgânica e sistemas agroflorestais e silvipastoris.