Quando o inverossímil acontece - Jayme José de Oliveira - Litoralmania ®
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Quando o inverossímil acontece – Jayme José de Oliveira

Quando o inverossímil acontece - Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

Quando nos deparamos com o inverossímil, beliscamo-nos para ter certeza de que não estamos sonhando.  Por mais que o façamos, desta vez, apenas colecionaremos hematomas e um sentimento de impotência ante o que parecia inimaginável. Sabemos que o pesadelo não é um sonho.

Abrindo a Zero Hora de 13/03/2.017 me deparei com texto de Túlio Milman: “Dizer que doação oficial de campanha não pode ser corrupção é o mesmo que apresentar um cheque COM fundos e garantir que o dinheiro, seja qual for a origem, é legal. A questão é só uma: de onde veio a verba e com o que o beneficiário se comprometeu, ou já deu em troca?”

O difícil, no caso dos políticos, é provar.

Há casos que demonstram ser evidentes desmandos e, imediatamente, sofismas vêm à tona para tentar explicá-los ou justificá-los. No mais recente: o Senador Valdir Raupp (PMDB-RO) se tornou réu após ser acusado de receber propina por meio de doações registradas no Tribunal Superior Eleitoral (STE) por intermédio do Caixa 1. Mas os Ministros deste Tribunal, de forma exemplar para futuros desmandos, não consideraram esta manobra legal.

Gravado em Paris e veiculado no Fantástico de 17/06/2.005, Lula defendeu o PT pelo uso do Caixa 2 para financiar campanhas, o tesoureiro Delúbio Soares confirmou. Textualmente o então Presidente declarou: “O que o PT fez, no ponto de vista eleitoral, é o que é feito no Brasil sistematicamente.”

O Presidente do TSE, Gilmar Mendes, disse em entrevista à BBC Brasil que empresas fazem “opção” de doar para campanhas por meio do caixa 2 (fora da contabilidade oficial) para evitar serem “achacadas” por outros políticos, principalmente na esfera governamental.

Luciano Feldens, Advogado de Marcelo Odebrecht afirmou que COLABORAÇÃO PREMIADA É REMÉDIO TARJA PRETA, indicando que há riscos maiores à saúde do consumidor se forem remédios ou, por similaridade, ao sistema eleitoral como é o caso. Inclusive, seu uso pode provocar dependência. Continua: “não podemos estabelecer uma relação – Caixa 1: não há lavagem, não há corrupção; Caixa 2: há lavagem, há corrupção, existem situações cruzadas. Há claramente a possibilidade de usar o Caixa 1 para pagar propina como favor pessoal ou para o Partido. No momento que se viabiliza essa quantia, seja no Caixa 1, seja no Caixa 2, trata-se de propina. E a propina sempre pressupõe ressarcimentos futuros”.

Desde que a Lava-Jato começou a desmontar o círculo vicioso: financiamento de campanha (benesses futuras) geralmente contratos para obras de altíssimo custo e superfaturadas, no Brasil ou no exterior, políticos e empresários viram-se enredados com a Lei e, muitos foram parar atrás das grades. Outros estão sob a iminência de se tornarem réus. As listas do Ministério Público Federal (MPF) tiram o sono (será?) dos que se locupletaram, quer recebendo propinas, quer açambarcando contratos.

Ramiro Barcelos, referindo-se a políticos da época escreveu o poema satírico “Amaro Juvenal”. Vergastava os que não os que não mereciam respeito por abusarem da autoridade ou, como atualmente, utilizavam seus postos para fins menos nobres.

Voltando à Lava-Jato, depois de serem trazidos a lume os dantescos malfeitos que (parecia impossível) rebaixaram a maior empresa brasileira, a Petrobrás, da 12ª posição no ranking internacional para a120ª, em pouco mais de uma década.

Patrocinaram, via BNDES, vultosas obras no exterior: pontes, portos, ferrovias, metrôs, hidrelétricas, etc, no valor de muitos bilhões de dólares, enquanto no Brasil, por alegada falta de verbas obras não eram concluídas, sequer iniciadas. O povo agora se pergunta: o que seria melhor para o Brasil: metrô em Porto Alegre ou em Caracas; modernizar portos como o de Santos ou construir Mariel em Cuba; Hidrelétricas na África ou aproveitar nosso potencial hídrico; ferrovias em vários países ou construir e remodelar as nossas (nem a Norte-Sul foi concluída); ponte do Guaíba ou sobre o rio Orinoco?

Parece que, finalmente, o povo está acordando e não quer mais “lamber a canga” nem “tornar-se amigo dela” como nos versos de Amaro Juvenal:

O povo é como boi manso,

Quando novilho atropela,

Bufa, pula e arrepela,

Escrapeteia e se zanga;

Depois, vem lamber a canga

E torna-se amigo dela,

Home é bicho que se doma

Como qualquer outro bicho; Mas logo larga de mão,

Vendo no cocho a ração,

Faz que não sente o rabicho.

NUNCA É TARDE PARA ESTANCAR A SANGRIA!

TODO O TIPO E ORIGEM DE SANGRIA!

Quando o inverossímil acontece - Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira

cdjaymejo@gmail.com

Cirurgião-dentista aposentado

 

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