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Quem matou Alírio Cássio di Zabanetta Noronha? – I

Era a primeira manhã de um céu límpido e de sol radioso de uma primavera que se iniciara muito mais com ares de sombrio e tenebroso inverno. Não apenas chovera torrencialmente, como violentas rajadas de vento, que a meteorologia se apressou em identificá-las como tufão, decretaram, em vários municípios gaúchos, o autêntico estado de calamidade. Milhares de famílias se viram, de uma hora para outra, desabrigadas e alijadas do poço que possuíam. Por isso aquela manhã viera como uma dádiva e a promessa de que, aos poucos, a natureza devolveria e colocaria todas as coisas em seu devido lugar.

Eu ainda curtia os prazeres do sucesso que fora o lançamento de meu livro, “Mar da Serenidade”, em concorrida noite de autógrafos, às vésperas de meu aniversário, no “pub” Museu dos Esportes, em Porto Alegre. Estava me organizando, naquele momento, para repetir o evento, dali a dois dias, em Santa Cruz do Sul. Dali a uma semana, seria a vez de Caxias do Sul. Mais adiante, já no mês de novembro, por vez primeira, iria à Feira do Livro de Porto Alegre não mais na condição de um apaixonado pelos livros e compulsivo consumidor, mas sim, como escritor. Em dado momento, ouço tocar o interfone: era o carteiro. Trazia-me um Sedex, o que implicava a minha descida até a portaria para assinar o protocolo de recebimento.

Do interior da caixa amarela, surgiu um exemplar do livro “A Praça Júlio de Castilhos e a turma do murinho”, de Alírio Cássio di Zabanetta Noronha.

Fui tomado por uma imensa onda de alegria e orgulho, afinal, eu poderia me considerar o “tio” daquele livro de crônicas dos fatos que sempre tiveram aquele logradouro de Porto Alegre como cenário. O “pai da criança” eu não conhecia, pois os originais chegaram-me às mãos através de um amigo, Dr. Jorge V, que me solicitava uma análise imparcial e isenta de qualquer compromisso de eventual consolação da qualidade do texto.

Se este se mostrasse aproveitável, deveria revisá-lo com a mais absoluta liberdade para corrigi-lo, alterá-lo ou mesmo, se necessário se fizesse, deletar capítulos inteiros, escrevendo, após, a apresentação da obra.

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