“Quem realmente quer, não tenta: faz?” - prevenção do suicídio - Dr. Sander Fridman - Litoralmania ®
Dr. Sander Fridman é Doutor em Psiquiatria pelo IPUB/UFRJ. Atende Neuropsiquiatria, Psicanálise Cognitivista, Transtornos Sexuais e Relações Conjugais.
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“Quem realmente quer, não tenta: faz?” – prevenção do suicídio – Dr. Sander Fridman

Várias tentativas costumam preceder um suicídio completado.

“Quem realmente quer, não tenta: faz?” - prevenção do suicídio - Dr. Sander FridmanPara cada tentativa, de 15-25% tentarão novamente, e de 5-10% eventualmente morrerão disso.

Nicoli e cols (2012), identificaram, na França, que apenas 3,4% da população tinham alguma vez tentado
suicídio. Se na Espanha não for muito diferente, onde Goñi-Sarriés e cols (2018) encontraram que 31,9% das mortes por suicídio sucederam uma tentativa prévia, uma tentativa única indica um aumento de 9,4 vezes no risco de morte por suicídio, comparado à população geral.

Compare-se com o prognóstico de longo prazo de um infarto agudo do miocárdio (IAM). Em 8 anos, na Suécia, após um IAM, o risco de morte por IAM não aumentou (Ferrannini e cols, 2012), em relalção a quem não sofreu um iAM.

Uma tentativa de suicídio foi incomparavelmente mais grave, no longo prazo, do que um Infarto Agudo do Miocárdio!

Acredita-se que os riscos sigam elevados, a partir de uma tentativa de suicídio, permaneçam elevados, por, pelo menos, mais de 2 anos.

Não são passíveis de exagero as recomendações de se prover prontamente o atendimento ao paciente que tentou suicídio por um profissional habilitado para cuidados especializados, abrangentes e competentes ao para o caso, inclusive para lidar com dilemas existenciais e espirituais, ensinar a reconhecer e lidar com os próprios sentimentos e emoções, com as vicissitudes de sua história pessoal, e os desafios e pressões do cotidiano, reconhecendo e
enfrentando fontes insuspeitas de angústia.

Períodos de maior ou menor coesão social vêem reduzirem-se ou aumentarem-se, respectivamente, as taxas de suicídio.

Isto indica que o problema deve ser entendido também como um fenômeno social, que pode ser enfrentado, inclusive, por meio de intervenções e cautelas sociais.

A tentativa de suicídio pode representar o desespero diante de uma dor ou situação para a qual não a pessoa não encontra outra saída, comumente devido a uma distorção pessimista induzida pela depressão ou outra condição emocional tratável.

Pode ainda representar uma mensagem dramática para o mundo e as pessoas que o sercam, de quem se supõe desprezado e incompreendido, e não consegue ver saídas menos radicais e efetivas para se fazer entender e respeitar.

Uma tentativa de suicídio não a faz quem quer, mas quem, no alto de sua de dor, não consegue mais pensar direito, encontrar estratégias de resolução e enfrentamento, ou percebe seus problemas como insuportáveis e incontornáveis, comumente de modo equivocado ou distorcido.

Dr. Sander Fridman – Diretor Científico do Serviço de Doenças Afetivas da Santa Casa de PA (1991-1996) e do Serviço de Depressão do Centro Médico Adventista Silvestre de Botafogo/RJ (2011-2018).

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