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SAP: Posto de Saúde Central

O cidadão sofre com a doença e agoniza em um vácuo deixado pelo Estado.

Passei por este ambiente, em uma segunda-feira, levando meu filho para marcar exames e tomar uma injeção.

Chegando ao posto, a primeira cena é como estar entrando em um ambiente muito desorganizado. Mas isso não é o que realmente acontece nos bastidores. O local possui uma rotina, metas e procedimentos claros de trabalho, como uma indústria  que fabrica ou beneficia algo.

Na recepção, você é encaminhado para uma triagem.

A enfermeira, responsável por meu atendimento, foi extremamente educada, atenciosa e prestativa, algo que já havia notado em outros atendimentos recebidos também no hospital de Santo Antônio pessoas que parecem estar sendo melhor orientadas por seus superiores. Afinal, quem serve é um patrulhense, e quem busca o socorro, também.

Se você parar e sentar a esperar como fiz, aguardando meu atendimento, verá seres humanos, cidadãos em busca de ajuda. Verá  a mãe com a criança no colo, jogada em seus braços sem força para um simples sorriso. Parece tolice minha, mas queria que tivesse um cantinho para estas crianças brincarem e se distraírem, talvez até um recreacionista. Você sabe o que é agüentar uma ou duas horas com uma criança impaciente, com fome, e talvez com dor ? Isso me lembrou o Dr. Alegria , a cura pela Alegria, uns balões pela parede, coloridos. Sei que não é um circo, e sim um posto de atendimento, falo sobre uma alternativa, qualidade de atendimento, enfim, soluções diferentes.

Você se sentirá, como me senti, olhos quase em lágrimas, sim; ao ver os filhos destas mães que apavorados,  por verem aquele cenário, arregalam os pequenos olhos e apertam a mão de quem lhes dá segurança, e pensam:

– O que minha mãe está querendo neste lugar tão frio, sem um brinquedo para mim? Não ouço risadas de crianças, mamãe; apenas um choro ao fundo. Será que estão fazendo dodói em alguém? Vejo tantas pessoas em pé, machucadas, com feridas. Não pode ser um lugar bom ! Não parece minha creche ou minha casa!

Passou por mim um senhor com um papel na mão. Parecia ser uma receita médica. Sim, seus olhos brilhavam ! Parecia a conquista de um prêmio, um troféu conquistado (mal sabia que aquilo já era seu de direito), a esperança de ver seus problemas resolvidos, em uma folha de papel. O pior é que garanto que o pobre do cidadão dificilmente conseguiu ler o que ali estava escrito. Quem consegue entender o que está escrito numa receita médica?

Há casos que entendemos apenas o carimbo. Sorte nossa que as farmácias de Santo Antônio possuem ótimos tradutores de receitas médicas. Olhe a que se resumiam as esperanças daquele cidadão: chegar a uma farmácia e rezar para que o atendente entendesse qual o remédio receitado, qual a dose, e as  orientações de uso ( que possivelmente ali estavam).Não esqueçam que a diferença entre remédio e veneno pode estar na dose aplicada.

Parece que todas as pessoas ali reunidas buscavam a mesma solução: um remédio milagroso para seus problemas. Mas havia casos em que um sorriso já ajudaria. Havia algumas gestantes buscando o pré-natal, e como é importante um pré-natal bem feito.

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