“O prefeito conseguiu renovar a vontade de viver e a alegria do pessoal daqui”. O pensamento é do aposentado e ex-técnico em eletrônica, que atualmente mora no prédio da Agasa, Valter Paulo Duarte. Esse otimismo se deve a instalação da empresa de climatizadores Joape no prédio da adormecida gigante açucareira, que já está recebendo as devidas reformas pelas mãos dos novos funcionários contratados.
Os primeiros operários estão trabalhando desde o dia 14 de maio na revitalização do prédio que deve custar mais de 2,5 milhões de reais. Carlos Alberto da Rosa, Juliano Pereira, Adriano Souza Medina, Flávio Messagge e outros funcionários foram contratados após passarem por entrevista, consulta e exames médicos. Todos eles são moradores de Santo Antônio e a grande maioria é da região da Agasa, preferência da contratante . “Estávamos todos desempregados e a vinda da empresa foi a nossa salvação”, revela Carlos da Rosa, de 31 anos.
O morador de rua que reside nos prédios da Agasa disse ser testemunha do sofrimento dos ex-funcionários da indústria desde que ela fechou. “É uma romaria de gente que vem pra cá chorar pelo fechamento da Agasa. Isso tudo se tornou muito triste”, relata Duarte apontando para o prédio. “Não existia perspectiva nenhuma. Agora até as crianças vão aprender melhor. Afinal, é dar um emprego para o homem e um salário mínimo para ele manter sua família dignamente que ele fica feliz”, completa o aposentado chamando a atenção para os sorrisos e reações de alegria que todos mostravam. E é visível a todos que passarem pelas proximidades da Agasa a reação dos que já saíram com o emprego garantido ou até daqueles que têm a esperança de conseguir sua vaga. Risadas, cantorias e assovios já são enxergados e ouvidos a distância e, ao perguntar o porquê de tanto entusiasmo, a resposta é uma só: a Agasa está renascendo e junto com ela os empregos.
A realidade empregatícia da região sempre foi complicada. Os moradores precisavam se deslocar alguns quilômetros, na maioria das vezes de ônibus, para a sede de Santo Antônio ou para a opção mais escolhida, Osório. Com o ideal de atrair inclusive outras empresas para a Agasa, a Administração Municipal de Santo Antônio da Patrulha, segundo o Prefeito, Daiçon Maciel da Silva, pretende proporcionar à população a oportunidade de um emprego próximo de casa. “Este sempre foi um sonho e uma luta minha desde a época em que eu era assessor técnico do secretário Nelson Proença. Agora, finalmente conseguimos atrair uma empresa de porte que irá desenvolver a região, proporcionar empregos, render tributos e, principalmente, revitalizar a auto-estima da população”, enfatiza Daiçon.
“O emprego aqui estava muito difícil. Era preciso ir muito longe para conseguir um dinheirinho. Na época da Agasa trabalhei um pouco em cada parte da industria e agora pretendo voltar para cá. Isso tudo vai melhorar muito”, afirma o marceneiro desempregado José Severa Dias que atualmente faz “bicos” em construções civis. Mas Dias não é o único que precisa se desdobrar em mais de uma atividade para sustentar sua família. O relojoeiro que trabalha para quatro lojas José Rogério Mendez, de 38 anos, também sonha com a vaga na Joape. Segundo ele, sua preferência é pela pintura ou marcenaria, mas está disposto a realizar qualquer atividade.
Comércio da região
Outros beneficiados com a reativação do prédio da Agasa são os comerciantes próximos. “Movimentar o comércio é a tendência. Já está sendo gerada uma série de empregos que irá agilizar a região”, diz o funcionário da Agasa Cláudio dos Santos. A afirmativa é confirmada por todos, inclusive pelo mecânico Fladimir Dias Rodrigues. “Já quando veio a fábrica de calçados aumentou o movimento na oficina. Agora tende a melhorar muito mais com a vinda de mais carros pra cá”, comenta o proprietário da Mecânica Mídia.
Além disso, não só os empregos primários da Joape serão criados, outras vagas devem ser abertas ao longo do tempo no comércio local. O comerciante Jorge Coelho de Oliveira, proprietário de um estabelecimento próximo, há 30 anos, já levanta a possibilidade de contratar funcionários. “Na época da Agasa eu tinha empregados e quando ela fechou precisei demitir todos. Hoje volto a pensar em trazer alguém pra me ajudar”, relata Oliveira que conta apenas com o apoio de sua esposa, Vanda da Costa Santos, para manter a venda.