Saúde mental no trabalho – Dr. Sander Fridman
O trabalho é lugar de vida, alegrias, e realização, mas também de sofrimento, dor e até morte. Se fomos criados à imagem e semelhança daquele a quem chamamos de criador, para criar, portanto, também fomos criados.
O trabalho é sem dúvida fonte mesmo de sentido, razão de ser, para muitas pessoas, para além da família e da comunidade.
E é comumente o lugar onde passamos a maior parte de nossas vidas consciente, aquilo a que mais nos dedicamos.
Por isso, não é possível exagerar em sua importância para muito além, inclusive, da busca do sustento.
Fatores diversos no trabalho, no entanto, podem levar a sofrimentos – físicos e morais. Posições viciosas, movimentos repetitivos, exposição contínua a vibrações, exaustão cominada com esforço muscular, exposição a substâncias tóxicas no ar, na água, na pele, ruído excessivo, tudo são fatores que perturbam o conforto físico, geram dores, incapacidades, que afetam o humor, a disposição e a alegria de trabalhar. Toxinas alcançam o sistema nervoso, gerando perturbações na inteligência, na personalidade (o modo de ser consigo e com os outros) e no humor.
O trabalho mediante metas muito exigentes, ambientes de trabalho muito tensos; discriminações ou deboches pelos colegas ou chefia dirigidas a características do corpo (obesidade, etnia, beleza, feiura), origem social, particularidades do modo de ser (modo autista, desatento, depressivo, ansioso, alcoolismo); chefias tirânicas, humilhações, terrorismo laboral, não raro na tentativa de calar empregados para que não contestem ou revelem coisas erradas que ali possam estar acontecendo.
A grande matéria prima e fonte de riquezas de toda empresa são seus colaboradores saudáveis, alegres, motivados, criativos e comprometidos. O adoecimento laboral põe em risco a disposição e até a disponibilidade do trabalhor,
depois de longo treinamento e adaptação às necessidades funcionais, impactando nas cadeias de produção e sistema de prestação de serviço.
Num ambiente onde as pessoas estão tristes, oprimidas, normalmente ninguém gosta de trabalhar, nem subalternos, nem chefias.
O atendimento ao sofrimento do trabalhador, seja ele operário, chefe ou dono, abre uma porta para a melhora de seus sintomas, mas também, pode representar uma oportunidade para o aprimoramento dos processos e relacionamentos dentro do ambiente do trabalho, que costuma se refletir na qualidade dos produtos, serviços, e rentabilidade do negócio, no benefício de todo, tornando a todos realizados.
O Dr. Sander Fridman é especialista em psiquiatra, Mestre e Doutor em Psiquiatria pela UFRJ, e pós-doutorado pelo no PPG em Direito da UERJ. Psiquiatra Forense.