Segurança nas praias e acesso a dados sigilosos repercutem entre parlamentares
As notícias sobre diminuição de efetivos policiais nas praias gaúchas durante o verão e o acesso de 15 mil pessoas a dados sigilosos da Secretaria de Segurança repercutiram entre os deputados. Os parlamentares Fabiano Pereira (PT), Nelson Marchezan Júnior (PSDB) e a presidente da Comissão de Serviços Públicos da Assembléia, deputada Stela Farias (PT), falam em mais investimentos e melhor gerenciamento das questões ligadas à segurança pública.
Diminuição de efetivos nas praias
Para o deputado Fabiano Pereira, a segurança pública tem sido a principal preocupação da população em qualquer pesquisa de opinião, mas efetivamente, os investimentos ficam muito longe daquilo que se necessita. Pereira salienta que em setores como a educação a Constituição diz que se deve aplicar 25% dos recurso, na saúde 15%, e que não existe um percentual da arrecadação que tenha como destinação obrigatória a segurança pública. “É necessário criar uma cultura em torno da segurança pública, que inclua um pacto entre os governos para recuperar o efetivo das corporações”, destacou Pereira.
O petista lembrou que existe uma carência de efetivos nas corporações policiais e, mesmo que neste ano tenham sido chamados 700 policiais, existem outros 700 que poderiam ser chamados no ano que vem, além de 235 escrivães de polícia que estão aptos para serem incorporados aos quadros da segurança pública do Rio Grande do Sul.
Com relação à segurança nas praias durante o período de veraneio e a diminuição do número de policiais destacados para o período, Pereira disse que os governos anteriores, que também conviveram com as dificuldades financeiras do Estado, sempre resolveram a questão.
Para a deputada Stela Farias, a diminuição do efetivo da Brigada Militar para o período de veraneio nas praias gaúchas é mais um caso de desqualificação do serviço público. “Reconheço que é difícil recompor o histórico déficit da corporação, mas reduzir efetivo aos níveis que este governo propõe é temeroso”, argumentou Stela.
A parlamentar disse que nos meses de verão, a concentração populacional em algumas cidades litorâneas chega a aumentar até 100 vezes. Portanto, os efetivos também deveriam aumentar a cada ano. No entanto, o comando da Brigada divulga que teremos 800 salva-vidas para atender os veranistas gaúchos, 250 menos do que na Operação Golfinho do verão passado. Isto é 31,25% menos salva-vidas na beira da praia. No policiamento ostensivo, o corte será de 16,7%. São 1,2 mil PMs, um efetivo reduzido em 200 servidores.
O deputado Nelson Marchezan Júnior afirmou que durante o veraneio as pessoas que trabalham o ano inteiro merecem ter a segurança necessária dada pelo policiamento e pelos salva-vidas.
Venda de informações sigilosas
A presidente da Comissão de Serviços Públicos, Stela Farias, ao falar sobre a venda de informações sigilosas disse que se trata de uma organização criminosa em rede, mas que revela uma carência do Estado. “Estamos diante de mais um caso que envolve corrupção de servidores públicos. Quando falo em corrupção, gostaria que isto soasse também como desqualificação do serviço público. É claro que este caso tem razões históricas, pois veio a público depois de vários anos em que se pensa apenas em reduzir o tamanho do Estado. Isto é desvalorizar o próprio Estado e, com ele, o servidor público e a prestação do serviço. A desvalorização do Estado pelos seus governantes gera desrespeito ao que é de todos”, afirmou Stela.
O deputado Nelson Marchezan Júnior, ao comentar a questão, traçou um paralelo com a confiança que um comerciante deve ter no funcionário que exerce a função de caixa. “No setor público, onde não existe um dono e o dinheiro é público, os problemas como a irresponsabilidade, ineficiência da gestão e principalmente da corrupção, acabam também atingindo volumes inacreditáveis. Combate à irresponsabilidade, combate à corrupção e punição dos responsáveis é o melhor remédio”, afirmou Marchezan.