Colunistas

Sob as luzes da literatura

“Ouçam seu destino, ó moradores de Esparta,
Ou a sua famosa e grande cidade deve ser saqueada pelos filhos de Perseus,
Ou, se isso não pode ser, toda a terra da Lacônia,
Irá lamentar a morte de um rei da casa de Hércules,
Pois nem a força de leões e touros irá segurá-lo,
Força contra força, pois ele tem o poder de Zeus,
E não terminará até que um dos dois seja consumido.”*(*1)

Amigos e generosos leitores: na quinta-feira, 17, terá início mais uma edição da Feira do Livro de Capão da Canoa.

Este evento, que durante suas primeiras edições, foi considerado por escritores convidados, público e intelectuais visitantes como sendo uma das melhores e mais bem organizadas Feiras do Livro do interior do Estado, foi o fruto do encontro de algumas cabeças pensantes, capitaneadas pela incansável, imbatível e jamais desistente Professora Mariza Simon dos Santos.

A feliz ideia dos primeiros componentes do grupo fora por demais oportuna, sobretudo pela natural convergência de grande público, vindo de outras cidades do Rio Grande do Sul, para Capão da Canoa e municípios vizinhos, ao determinar-se a mostra durante os dias feriados da Semana Santa e o domingo de Páscoa.

Como toda a feliz ideia – nada se cria, tudo se transforma –, por que não se realizar, alguns anos depois, outra, ainda que dissemelhante em gênero, número, grau e “bom gosto”, num mesmo local e data? Se bons livros e música de sertanojo atrairem para si o mesmo público, Hosanas!

Assim, momentaneamente, deixei de lado a releitura, como amiúde me apraz, de um clássico grego, “A Batalha de Termópilas”, para me preparar a contento aos honrosos convites que me foram estendidos pela Comissão Organizadora da 8ª Feira do Livro para proferir palestra apenas para alunos das escolas municipais e estadual sobre minhas “arteirices” literárias e, no recinto da Feira, na Avenida Beira-Mar, para o público em geral, no sábado, dia 19, às 17 horas, para o lançamento de meu último livro – Uma Casa Chamada Nazareth – que, juntamente com meus anteriores, à disposição exclusivamente na iluminada banca da Livraria Praiamar, terá sessão de autógrafos.

Já que o assunto é literatura, não custa relembrar o que exatamente fora aquela épica Batalha.

Leónidas I foi rei e general de Esparta de 491 até a data de sua morte em 480 a.C., durante a batalha de Termópilas. Uma de suas ações mais importantes se deu por ocasião da invasão da Grécia pelos persas, em 481 a.C. Defendendo o desfiladeiro das Termópilas, que une a Tessália à Beócia, Leónidas e uma tropa de apenas 7000 homens, sendo que apenas 300 eram espartanos, conseguiram repelir os ataques iniciais. Mas Xerxes I, rei da Pérsia, foi auxiliado pelo traidor Efialtes, um pastor local, que o conduziu por um caminho que contornava o desfiladeiro, e pôde cercar o exército de Leónidas. Restavam apenas 300 espartanos e pouco mais de 1000 soldados tespienses e tebanos, que decidiram resistir até a morte.

Xerxes ameaçou a insignificante defesa grega dizendo: “Minhas flechas serão tão numerosas que obscurecerão a luz do Sol”. Leónidas respondeu: “Tanto melhor, combateremos à sombra!”

Para aqueles que ficaram, ele disse: “Almocem comigo aqui, e jantem no inferno”. Leônidas sabia que sua morte era certa, mas resolveu ficar e morrer lutando. Por dois motivos: o primeiro, é que nenhum espartano foge à luta e retorna para casa. Conforme sua própria filosofia, ou voltam vitoriosos, ou mortos em cima de seus escudos. E em segundo lugar, se ele fugisse, o restante da Grécia também fugiria.

No final, já cercado por seus inimigos, o rei Xerxes dá uma ordem a Leónidas: “Deponham suas armas e se entreguem”. Leónidas responde apenas: “Venham pegá-las”. São as últimas palavras do rei espartano. Atacados por todos os lados, foram massacrados sem piedade. A cabeça de Leônidas foi cortada e empalada e o seu corpo, crucificado.
Por isso, convido a quem me lê, que não se impressionem com o triste fim de Leônidas e seus leais guerreiros que, heroicamente morreram no combate sob a sombra de poderosas vinte mil flecahas. Afinal, eles entraram para a História.

Torço para que a Feira do Livro, a exemplo de Leônidas e seu exército de bravos guerreiros, não sucumba a nenhuma espécie de “nuvem” que tenha pretensão de obscurecer o brilho de sua Luz.
Por isso, vamos curtir o que ainda restou de bom na Feira do Livro de Capão da Canoa, mesmo porque esta já escreveu tembém o seu nome na História!

(*1)Profecia do Oráculo de Delfos ao ser consultado por Esparta quando esta recebeu um pedido das forças confederadas para ajudar na defesa de Grécia contra a invasão persa.

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