Colunistas

Sobre o espectro autista* – Dr. Sander Fridman

* Médico, Doutor em Psiquiatria pela UFRJ, professor do IBCMed.

* Para atendimento em Capão da Canoa ligue: 3665-2487, em Osório:  3663-2755.

Sobre o Espectro Autista *

Diferentes crianças e adultos com graus e tipos diferentes de comportamentos, sensibilidades e necessidades adaptativas disto antes das crianças e pessoas de seu grupo social – e cultural – e que fazem com que sejam percebidas como estranhas, alvos comum de rejeição e até maus tratos sociais, são o grupo bastante heterogêneo a que comumente se refere como os portadores de Espectro Autista. Mais tipicamente meninos, mas também meninas, são particularmente comuns em filhos de pais particularmente brilhantes, em especial entre cientistas. Comumente apresentam habilidades intelectuais e sensibilidades perceptivas extraordinárias e impressionantes, e são de fato mais comuns entre os segmentos mais brilhantes da sociedade.

Entre as características mais típicas, estão as dificuldades para decodificar sinais e regras sociais sutis, mais facilmente percebidas pelos demais, tornando-as comumente inadequadas ou com a “faísca atrasada”, e assim, alvo comum de chacota – a que todos estamos expostos, quando “pisamos na bola”, mas que, no caso dessas crianças e adultos, ocorrem tão frequentemente que terminam como vítimas preferenciais do assédio moral.

Podem ter muita dificuldade para suportar cargas um pouco mais elevadas de tensão emocional com origem em tema peculiarmente desconfortável(associadas a sentimentos sexuais, rejeição, crítica moral, etc), própria ou via identificação – uma personagem de um filme ou figura do noticiário – expressando este desconforto em comportamentos faciais, vocais ou de comporto inteiro, bizarros ou inadequados.

Dificuldades cognitivas podem acompanhar o quadro, especialmente quando se acompanham de problemas no funcionamento do cérebro – por exemplo, sequelas de sofrimento no parto, de meningo-encefalites, de trauma craniano, problemas nutricionais ou metabólicos, epilepsias.

O quadro, no entanto, pode acompanhar, também, ao contrário, superdotação intelectual.

O tratamento deve ser guiado pela investigação de fatores físicos em geral, e neurológicos em particular, agravantes ou determinantes em relação à síndrome; a identificação e o tratamento de outros quadros psiquiátricos passíveis de melhora via tratamentos mais ou menos específicos; o desenvolvimento de habilidades sociais, via aprendizado e sensibilização aos sinais sociais relevantes e sua interpretação, nos diferente contextos, traduzidos em compreensão sobre os comportamentos sociais-adaptativos requeridos; o desenvolvimento da capacidade de perceber e enunciar as próprias emoções, os fatos desencadeantes, os motivos para o
desconforto, estratégias de tranquilização e o auto-controle, na medida do possível, sobre as expressões motoras da angústia decorrente.

Enquanto de fácil compreensão, as metas elencadas acima não são de fácil aquisição, e um trabalho bem conduzido deve envolver, idealmente, várias figuras sociais de suporte, passando pelo professor, a direção, o padre ou pastor, a família mais ampla, a psicopedagoga, a psicóloga, o neuropsiquiatria, e, principalmente os pais ou responsáveis. Estes devem ser especificamente auxiliados no apoio ao desenvolvimento de capacidades para falar daquilo que observam na criança, no familiar, no companheiro ou no amigo portador do problema, e com, a linguagem, a compreensão e a empatia daquilo que se passa, evitando somar-se ao mar de pessoas que o
rejeitam, criticam ou inundam com cobranças impossíveis a eles, naquele momento.

Assistam a breve série britânica no Netflix – “O Amor no Espectro”.

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