Torres no Litoral Norte foi um dos alvos de uma operação da Polícia Civil que desarticulou uma quadrilha especializada em sequestros, extorsões e agiotagem no Rio Grande do Sul.
A ação, batizada de Operação Cifra Oculta, foi deflagrada nesta quinta-feira (5) e mirou integrantes de uma organização criminosa que atuava de forma estruturada e violenta na Região Metropolitana, Vale do Sinos e Litoral Norte, aterrorizando principalmente a comunidade colombiana.
O grupo criminoso, segundo as investigações conduzidas pela 1ª Delegacia de Polícia de Repressão a Roubos do Departamento Estadual de Investigações Criminais (Deic), com apoio da Delegacia de Polícia de Esteio, é responsável por uma série de sequestros envolvendo vítimas estrangeiras ligadas a uma rede ilegal de empréstimos com juros abusivos — prática popularmente conhecida como agiotagem.
Torres é alvo de operação envolvendo agiotagem
Durante a ofensiva policial, foram cumpridos quatro mandados de prisão preventiva, um mandado de prisão temporária e 18 mandados de busca e apreensão em Torres, Esteio e Sapucaia do Sul.
Durante a operação, quatro indivíduos foram presos, além da apreensão de arma de fogo e celulares.
Um dos vídeos mostra um motoboy ajoelhado, sendo ameaçado por três armas de fogo, dentro de um cativeiro.
O apelo dramático do homem foi registrado pelos próprios sequestradores em março deste ano, em Sapucaia do Sul.
No vídeo, ele revela que trabalhava para um agiota, o que reforça a ligação da quadrilha com o submundo da agiotagem.
Entre os casos investigados, destacam-se o sequestro de um empresário e sua família em Canoas, e o de um cidadão colombiano em Esteio.
Quadrilha atuava de forma meticulosa
A polícia afirma que há uma cadeia criminosa complexa por trás dessas ações, com divisão clara de tarefas entre os membros: alguns realizam as abordagens, outros mantêm as vítimas sob vigilância e há também quem se dedique às negociações e extorsões por meio de transferências eletrônicas e aplicativos de mensagens.
Um dos alvos é apontado como responsável por abordar as vítimas.
Outro foi flagrado com uma motocicleta roubada.
O chefe da organização criminosa segue foragido desde outubro do ano passado e, de acordo com os investigadores, integra uma facção criminosa do Vale do Sinos.
A delegada Isadora Galian, que coordena a operação, afirmou que o grupo atua com planejamento sofisticado e está ligado a um número ainda maior de sequestros do que os identificados até o momento.
Segundo ela, muitos dos crimes sequer foram registrados formalmente.
Além dos casos reais de sequestro, a operação descobriu uma simulação.
Em maio, um suposto agiota denunciou à polícia o sequestro de um de seus funcionários, responsável por distribuir panfletos.
Vídeos enviados ao patrão mostravam o empregado amordaçado, com saco na cabeça, sendo espancado.
A intenção era gerar comoção e forçar o pagamento de resgate.
Contudo, os investigadores conseguiram localizar todos os envolvidos: o funcionário supostamente sequestrado, o falso sequestrador e uma mulher que havia recebido parte do dinheiro.
Os três foram presos na zona norte de Porto Alegre, revelando a montagem de um falso sequestro com fins de extorsão entre membros da mesma rede de agiotagem.
O nome da operação, Cifra Oculta, faz alusão ao silêncio das vítimas, que, por estarem envolvidas em crimes financeiros, não procuram as autoridades, o que dificulta a repressão policial e contribui para o crescimento do esquema criminoso.