Torres: população espera mais de um ano por exames, diz Simers
Um simples exame de sangue pode levar mais de um ano para ser feito em postos de saúde de Torres, uma das maiores cidades do Litoral Norte gaúcho. A demora, que adia diagnóstico e detecção de uma doença que pode ser grave, atinge ainda preventivos de câncer de colo de útero e um raio-x, denuncia o Sindicato Médico do RS (Simers), que constatou as dificuldades ao visitar as unidades e ouvir queixas, nesta quarta-feira (23/11).
Há mais de um ano a entidade médica monitora e cobra soluções das condições das unidades de saúde locais. “É dramático isso. Além de exames que podem levar mais de um ano para serem feitos, os mais rápidos levam de cinco a seis meses”, lamenta a diretora da entidade médica, Gisele Lobato.
O Simers constatou uma rotina inaceitável para o porte de uma cidade como Torres, com cerca de 38 mil habitantes e prestes a entrar no período do veraneio, que triplica ou mais que isso a população até março. “Descobrimos que materiais coletados são encaminhados para análise em Osório (!), ampliando o tempo de recebimento dos resultados e a limitação da cota disponível para as unidades”, alarma-se Gisele.
O que ocorre: com 80 exames disponíveis por semana, o médico de um posto conseguirá indicar exames para apenas cinco dos mais de cem pacientes atendidos no período. “O que vimos nesta visita foram absurdos do descaso com a população. O Simers vai denunciar e exigir providências imediatas da gestão pública”, afirmou a dirigente.
LISTA DE DIFICULDADES, SEGUNDO O SIMERS:
(1) Tem eletrocardiograma, mas falta quem o interprete: outro problema detectado pelo Simers. Torres tem somente um aparelho para realizar exame de eletrocardiograma – usado para detectar problemas do coração. Só que não há um profissional para emitir os laudos, ou seja, interpretar o resultado. Com isso, os pacientes precisam se deslocar para outras regiões ou pagar por um exame particular.
(1) Sem pediatras na rede: há apenas uma especialista na área atendendo e que está em licença saúde. Outra área descoberta é a obstetrícia de alto risco.
(3) Sem profissionais técnicos de enfermagem: prejudica o serviço no posto de Estratégia Saúde da Família (ESF) São Jorge. No local, uma enfermeira fica responsável por coletar exames, como preventivo de colo do útero, realizar as consultas nas casas de pacientes que não podem se locomover e fazer curativos.
(4) Abuso de autoridade: profissionais relatam que estão sendo coagidos por políticos e gestores de Torres, que questionam a conduta médica e a triagem realizada pela equipe de enfermagem. A atitude tensiona o trabalho e as relações. Alguns casos dão conta de abuso da autoridade para encaixar pacientes na agenda dos profissionais.
SIMERS