Turismo na Serra: Distrito aposta na retomada após enchente

Turismo na Serra do RS tem sido a principal aposta da população de Galópolis, bairro de Caxias do Sul, para a reconstrução econômica e social após os deslizamentos de terra…
Turismo na Serra:
Foto: Ricardo Rech/Prefeitura de Caxias do Sul/DIVULGAÇÃO

Turismo na Serra do RS tem sido a principal aposta da população de Galópolis, bairro de Caxias do Sul, para a reconstrução econômica e social após os deslizamentos de terra devastadores ocorridos em maio de 2024.

A tragédia deixou marcas profundas na comunidade: 220 famílias precisaram abandonar seus lares, oito pessoas perderam a vida e muitas casas foram completamente destruídas ou invadidas pela terra.

Além disso, imóveis que resistiram ao impacto permanecem em áreas classificadas como de risco elevado.

Atualmente, 30 famílias seguem impossibilitadas de retornar às suas residências e aguardam ansiosamente o resultado de um laudo técnico, que avaliará as condições de segurança do solo.

A coleta de amostras e as análises preliminares foram concluídas pela empresa contratada pela prefeitura em agosto de 2024, e o material encontra-se em fase de testes laboratoriais.

A expectativa é que o laudo definitivo seja divulgado até o final de julho, trazendo clareza para centenas de moradores.

Turismo na Serra

Enquanto esperam uma decisão oficial, os habitantes de Galópolis se voltam para a cultura e a gastronomia local como forma de sobrevivência e recomeço.

Iniciativas de fomento ao turismo estão ganhando força, impulsionadas pela união da comunidade e pela história riquíssima da região, fortemente marcada pela imigração italiana.

Um dos exemplos mais emocionantes desse renascimento é o Café Galópolis, administrado por Greta Bachi.

Seu estabelecimento foi severamente atingido pela enchente, mas, com coragem e o apoio de voluntários, ela restaurou o local, preservando os detalhes históricos que homenageiam os imigrantes italianos que colonizaram a Serra do RS.

Segundo Greta, de que adianta ter um lugar cheio de história se não tem ninguém pra compartilhar. Então resolvi montar o café com todos os detalhes dos imigrantes italianos que vieram pra cá cheio de sonhos e com muita vontade de fazer. Desde então eu tenho recebido visitantes de todo o país, que estão apaixonados pela nossa cultura e pela nossa culinária”, destaca.

Entre as iguarias mais famosas do Café Galópolis está o “Canudinho de Galópolis”, um doce artesanal feito com massa crocante e recheio cremoso.

Vendido em embalagens que homenageiam os prédios históricos locais, o doce se tornou um símbolo da resistência e do espírito empreendedor da comunidade.

Aos finais de semana, o café chega a receber cerca de 4 mil clientes, consolidando-se como um ponto turístico essencial para a retomada econômica da região.

Além dos empreendimentos individuais, a mobilização coletiva também se fortalece. Uma associação organizada pelos moradores lidera as ações de promoção turística, apostando na gastronomia e nas memórias históricas como pilares para o futuro.

Dinara Aparecida Gabrielli, representante da entidade, cita a importância da resiliência: “A gente não pode se apegar ao que aconteceu no passado de ruim. Vai completar um ano agora, mas a gente se uniu naquela época. É ruim, aconteceram coisas ruins, mas a gente precisa seguir, a gente não pode desistir nunca”, diz a representante.

Para algumas famílias, no entanto, os dias ainda são de incerteza e sofrimento. O médico veterinário Ricardo Gazola é uma das vítimas que permanecem fora de casa.

Sua residência foi invadida pela terra durante o desastre e, desde então, ele enfrenta uma longa jornada de reconstrução.

“Vai fechar um ano, mas em 10 meses a gente conseguiu que o poder público nos ajudasse a remover a terra, aí consegui limpar um pouco a casa e agora a gente está aguardando a efetividade do estudo pra poder saber o que fazer”, cita Ricardo.

Na mesma situação encontra-se o fisioterapeuta Fábio Festugatto, que vive o drama da interdição.

Embora sua casa não tenha sido diretamente atingida, o imóvel permanece interditado até a liberação oficial do estudo geológico.

“Tecnicamente a gente não pode fazer nada, a gente tá com as mãos atadas em função da interdição das casas. Na nossa rua são várias residências na mesma situação (…) A gente tá aguardando então pra poder retornar e pra saber o que vai fazer das nossas vidas, porque aqui com certeza, todos nós aqui, foi o investimento de uma vida”, lamenta Fábio.

Enquanto enfrentam as adversidades, os moradores de Galópolis mostram ao Brasil como o turismo na Serra do RS pode ser um caminho de esperança, resiliência e reconstrução.

A aposta coletiva no turismo cultural e gastronômico não apenas resgata o orgulho da comunidade, mas também oferece novas perspectivas para um futuro melhor.

Receba as principais notícias no seu WhatsApp

Comentários

Comentários

Notícias relacionadas