Último piloto antes de acidente fez procedimento inadequado
O piloto Marco Aurélio Incerti de Lima assumiu, em depoimento nesta segunda no 27º Distrito Policial, ter executado um procedimento não-recomendado para pousar o Airbus A320 da TAM em 17 de julho, de acordo com o promotor Mário Luiz Sarrubbo. O pouso ocorreu no mesmo dia do acidente que matou 199 pessoas em São Paulo.
Desde janeiro é recomendado aos pilotos que coloquem os dois manetes da aeronave na posição reverso logo depois de tocar o solo, mesmo que um dos reversos esteja pinado (travado), como no caso do vôo 3054. O piloto disse que colocou apenas um dos manetes na posição recomendada porque considera o procedimento mais seguro. Lima deixou na posição “idle” (marcha lenta) o manete da turbina direita e acionou o reverso máximo da esquerda.
O piloto afirmou em depoimento que decidiu pelo procedimento porque a pista de Congonhas estava molhada e escorregadia. O co-piloto Daniel Alves da Silva explicou à polícia que o procedimento foi adotado para evitar aumento da distância de parada.
– O próprio manual da Airbus diz que, em caso de reverso pinado e (pouso em) pistas contaminadas, sendo o manete colocado em reverso máximo, aumenta-se a distância de parada em cerca de 55 metros – explicou.
O procedimento de pouso adotado por Lima ficou registrado na caixa-preta da aeronave. As investigações do acidente buscam saber se o mesmo procedimento foi adotado pela tripulação do vôo 3054 e se a posição dos manetes pode ter influenciado na tragédia.
Depois que soube da falha no procedimento, a companhia aérea TAM chamou o piloto, segundo os depoimentos, e solicitou que ele seguisse a indicação do manual. O piloto terá de passar por um curso de reciclagem.
O piloto também disse em depoimento que a falta de grooving deixou a pista do Aeroporto de Congonhas mais escorregadia. O depoimento dos dois tripulantes demorou cerca de três horas. As informações são do G1.