Um ano e meio após ciclone, famílias do Caraá ainda aguardam volta para casa
Um ano e meio após o ciclone que devastou o município de Caraá, no litoral Norte do Rio Grande do Sul, famílias ainda lutam para reconstruir suas vidas. Entre os destroços, pedaços de concreto e restos do que um dia foram paredes pintadas com tinta amarela, o cenário é de abandono.
O mato já encobriu parte das áreas que antes abrigavam lares, e as marcas da tragédia ainda são visíveis por todo o município.
No dia 15 de junho de 2023, a força das águas atingiu 700 famílias da região, levando casas e sonhos rio abaixo. Passados 558 dias, a promessa de moradias populares permanece distante.
A entrega dessas habitações está prevista somente para 2026. Enquanto isso, o aluguel social, anunciado apenas seis meses atrás, é a única alternativa para quem perdeu tudo.
Esforços individuais e histórias de superação
Moradores com alternativas financeiras buscam solucionar os problemas por conta própria. Uuma comerciante e professora, compartilha sua luta para se reerguer após a tragédia. Seu mercado, localizado a cerca de 500 metros do Rio dos Sinos, foi inundado por 1,20 metro de água, mesmo estando em uma área elevada.
“Foi desolador. Havia feito um empréstimo para pagar em 20 anos. Não desisti, fiz outro empréstimo, e aqui estou, firme no propósito”, conta ela, que mantém o comércio funcionando, apesar das dívidas.
Outros moradores, no entanto, ainda aguardam a assistência prometida pelo poder público municipal, estadual e federal.. Estradas, pontes e prédios públicos destruídos seguem em processo de recuperação.
Habitações e obras de infraestrutura
Segundo o prefeito Magdiel Silva, as casas para as famílias desabrigadas serão construídas em um loteamento planejado próximo ao centro da cidade, longe das margens de rios e arroios. O objetivo é evitar que áreas de risco sejam reocupadas e facilitar o acesso a serviços básicos como saúde e educação.
“Foram cerca de 700 famílias atingidas, com 202 casas completamente destruídas ou seriamente danificadas. O projeto habitacional, um investimento de R$ 6 milhões com recursos da Defesa Civil Nacional, já está pronto. Estamos em processo de contratação para as obras de terraplanagem e infraestrutura”, explica o prefeito.
Apesar dos avanços anunciados, muitos moradores do Caraá sentem que foram esquecidos pelo poder público. Enquanto aguardam soluções definitivas, a resiliência dos moradores se destaca em meio aos desafios diários de reconstrução.
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