Um gigante adormecido – Suely Braga
Era um país imenso. Muito rico. Suas riquezas eram muito cobiçadas por todos os outros países do planeta. A mata verde e cerrada, os rios cristalinos e largas extensões de praias. As florestas tão densas que eram consideradas por todas as nações:” A Amazônia o pulmão do mundo”. A fauna rica e multicolorida. As riquezas minerais abundantes eram cantadas por seus poetas e louvadas nas páginas de seus escritores. Possuidor de reservas de petróleo e da maior água do planeta.
Os estrangeiros que ali chegaram pensaram em ter descoberto o “paraíso. ” Desbravaram a terra e se apoderaram de tudo.
O tempo foi passando. Os primitivos habitantes, os verdadeiros “donos” do país massacrados, dizimados foram desaparecendo. As matas engolidas pelas moto-serras na insaciável ganância dos exploradores. Grossos rolos de fumaça vomitando pelas chaminés das fábricas, deixavam o céu esfumado e as águas dos rios barrentas e destruídas,provocando a extinção de importantes espécies de aves e animais.
Vivia neste país um povo miscigenado, pobre, mas feliz. Um povo talentoso e criativo. Na sua pobreza tinha tempo de cantar, dançar, brincar, fazer versos e fazer piadas de sua própria pobreza. Tempo para gargalhar de sua própria desgraça. Um povo conformado, submisso, sem acesso à educação, ao conhecimento, à cultura. Achava sábio, prático e razoável não dar opinião em nada. Deixou que sua cultura nativa fosse desprezada. Acreditava nos poderes do céu. Olhava tudo com seu olhar estúpido e basbaque,dizia sempre “sim” ritmado de fantoche.
Este país foi governado por muitos reis. Uns gordos e bonachões. Alguns grotescos e folclóricos. Muitos déspotas e cruéis. Outros narcisistas, petulantes e convencidos. Todos só pensavam em seus próprios interesses, em acumular riquezas, deixando o país nas mãos de mercenários, piratas e vândalos.Ás vésperas do terceiro milênio,era governado por um rei muito letrado, prepotente, arrogante.Achava-se o dono da verdade e como um “deus” parecia estar acima do bem e do mal.Comprava com muito ouro os vassalos do reino, para reinar indefinidamente.A corrupção, as negociatas e os escândalos proliferaram no reino.
O rei como todos os anteriores desprezava o povo. Teve um rei déspota, que chegou a dizer que preferia seus cavalos, do que o povo.
Este rei chamava-os de babacas, caipiras. Continuou dilapidando as riquezas do país. Vendeu vorazmente o patrimônio, afirmando que tudo fazia em benefício da população. Debochado dizia que só queria o desenvolvimento e o progresso.
Mais de quinhentos anos se passaram e este país lindo e próspero foi empobrecendo. Transformou-se em dois: de um lado a minoria dos opulentos, donos do poder, descomunalmente abastados. Do outro lado uma maioria de miseráveis, pobres, famintos, sem voz e sem vez.
Um exército de sem terras, sem educação, sem saúde, sem emprego, sem teto, sem pão, sem direitos, sem cidadania vagava pelas ruas numa procissão de desesperados. A violência cresceu e passou a fazer parte do cotidiano dos habitantes. A impunidade era intensa. Bárbaros crimes cometidos pelos poderosos ficavam sem punição. Só eram punidos os pobres, os pretos e os desamparados. Alguns reagiam inconformados, mas a grande massa permanecia amorfa,paralisada. A cada ano aumentava o número de excluídos e marginalizamos, que se transformaram em milhões. A nação estava sendo aniquilada.
No entanto, um dia o Gigante acordou. Deu um basta. Buscou um dos representantes do povo, um dos seus representantes para governar junto, um representante que pudesse olhar com carinho para seus representados. Assim o país começou a mudar para melhor. Já havia uma esperança nos olhos triste dos despossuídos, dos oprimidos.
Agora este gigante acordado promove passeatas, toma conta das ruas para exigir sempre mais direitos.
São gritos e palavras de ordem que, ecoam por todos os lados, para acordar os governantes que ainda continuam dormindo. Após 10 anos, em que o povo respirou aliviado e viu seus direitos respeitados, podendo ter moradia, educação, saúde, trabalho e passou a ser feliz, um vice-rei e seus asseclas gananciosos prepararam um golpe e derrubaram a rainha. Apossou-se do poder um rei golpista, corrupto, que voltou a vender as riquezas e patrimônios do país.
Desmontou o país e o levou a um retrocesso de décadas. Impôs Reformas, que retiram todos os direitos dos trabalhadores. Distribuiu dinheiro público para as empresas de comunicação, para lhe darem apoio e comprou os votos dos parlamentares para apoiá-lo. Perdoou as dívidas dos Banco Itaú e Bradesco, dos latifundiários, do agronegócio dos megaempresários. Já vendeu nosso maior patrimônio, o pré-sal e agora quer vender grande parte das terras da Amazônia “patrimônio da Humanidade e pulmão do mundo”. Está entregando o país aos estrangeiros. Atualmente o Brasil entrou num abismo. Desrespeitado no mundo inteiro.
O povo sacrificado, maltratado voltou a sofrer a fome, a miséria, o desemprego, porque este rei é governado pelos banqueiros, pelo poder econômico e pelo imperialismo dos Estados Unidos.
Apegado ao poder não quer deixa-lo, apesar de todos os processos que o condenam por corrupção.
Está sendo um dos reis mais ladrão, sádico e golpista, que o país já teve.
Agora, o povo manipulado e conduzido pelas redes sociais e os meios de comunicação elegeu para governar este gigante, um rei louco, autoritário, um déspota que propagou ódio e a violência entre a população, militarizando o governo, que só vai destruir Este Gigante.