Uruguai reivindica território do RS em meio à polêmica sobre a operação do Parque Eólico Coxilha Negra, instalado no município de Santana do Livramento, na fronteira oeste do estado.
A área em questão, conhecida como Rincón de Artigas pelos uruguaios, voltou ao centro de uma disputa diplomática que se arrasta há quase um século.
Com a ativação recente das turbinas eólicas, o governo uruguaio emitiu um comunicado oficial ao Itamaraty, manifestando insatisfação por não ter sido previamente informado sobre o início das obras do empreendimento, datado de 2021.
Uruguai reivindica território do RS
No documento, o Ministério das Relações Exteriores do Uruguai reiterou que a construção do parque não representa reconhecimento da soberania brasileira sobre a área contestada e solicitou a reabertura das discussões bilaterais sobre a demarcação da fronteira.
A região em disputa compreende 237 km² — área superior à da capital uruguaia Montevidéu — sendo que o Uruguai reivindica 22 mil hectares.
A origem do impasse remonta a 1934, quando Montevidéu alegou erro na demarcação do Marco 49-I, nas proximidades da localidade de Masoller.
De acordo com os uruguaios, a comissão binacional de delimitação teria se baseado erroneamente em um braço de rio distinto do que estava estabelecido nos tratados originais, ocasionando a incorporação indevida do território ao Brasil.
Apesar de não ter havido nenhum incidente diplomático grave até o momento, a tensão entre os dois países ganha novo fôlego em meio ao avanço de investimentos no lado brasileiro da região.
A presença de um parque eólico operando em solo considerado contestado reabre feridas históricas e exige, segundo os uruguaios, uma nova rodada de diálogo técnico e político sobre a fronteira.
A chancelaria brasileira ainda não se manifestou oficialmente sobre o novo protesto do Uruguai, mas fontes do Itamaraty indicam que a posição do Brasil é de respeito aos marcos estabelecidos, considerados consolidados e reconhecidos bilateralmente por décadas.
A comunidade internacional observa com atenção os desdobramentos, embora analistas em relações internacionais classifiquem o conflito como de baixa intensidade, sem expectativa de escalada militar ou ruptura diplomática.
No entanto, o caso reacende o debate sobre fronteiras no Cone Sul e a necessidade de mecanismos ágeis para mediação de disputas históricas no Mercosul.