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Usuário de crack enfrenta discriminação maior

O uso do crack é considerado com uma espécie de fim de linha no trajeto da dependência química, o que reforça o preconceito contra quem consome essa droga, por muito tempo associada à população de rua. Pesquisadores, usuários e traficantes ressaltam este aspecto do vício, que pode se configurar como uma agravante para a recuperação.

 “Os próprios jovens são muito preconceituosos e contribuem para isolar o adolescente que usa crack, se descontrola e rapidamente se torna dependente. E isso não contribui para que ele peça ajuda, peça socorro”, afirma a socióloga Sílvia Ramos, coordenadora do Centro de Estudos de Segurança e Cidadania da Universidade Cândido Mendes.

 A constatação de Sílvia se baseou em depoimentos colhidos de jovens de comunidades carentes do Rio de Janeiro. Os traficantes, durante muito tempo, resistiram a comercializar o crack por acharem que ele destruía rapidamente a saúde e, também, pela imagem dos usuários. O dependente de crack é considerado uma pessoa sem valores, no qual não se pode confiar.

 Léo, 29 anos, ex-traficante que atuava em Brasília, tentou explicar o estigma. “O usuário de crack não tem valor, ele rouba a mãe, ele te rouba. Se você for traficante, ele vai te roubar. Só você deixar guardado e sair dali. Se ele souber que está lá, ele vai pegar. Ele é o famoso banho. Ele dá o banho no cara.”

Maurício, 31 anos, consumiu crack desde os 20 anos e está em tratamento há 3 meses para tentar se libertar do vídcio e da imagem negativa. “Sempre jogam na cara de quem usa crack, chamam de pedrinha, de tijolo. Você fica humilhado e mal tratado. O crack é uma droga que não permite partilhar com outro amigo”, explica.

 Entre os usuários de classe média, o crack está diretamente associado à criminalidade. “Quem usa droga tem preconceito contra quem usa merla e crack. É tirado como ´nóia´ e ligado com marginalização”, conta Carla, 30 anos, ex-usuária em recuperação em Brasília. <!– .replace('

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* Todos os nomes de usuários de crack, ex-usuários, jovens e crianças desta reportagem especial são fictícios // Colaborou Daniella Jinkings

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