Vê-se nos olhos – Dom Jaime Pedro Kohl
Mais três parábolas para ajudar-nos a entender o valor e a preciosidade do Reino de Deus: o tesouro escondido, a pérola preciosa e a rede lançada ao mar.
A mensagem das primeiras duas é clara: o Reino de Deus é essa preciosidade tão forte e significativa que justifica sacrificar tudo para seguir Jesus.
A rede lançada ao mar que recolhe peixes bons e maus indica que um dia vai acontecer uma triagem.
Uma estória para ajudar-nos a entender a importância que o Reino de Deus deveria ter na vida de todos.
“Conta-se que, um belo dia, chegaram à América cinco emigrantes a procura de ouro.
Passaram vários anos a cavar terra dura, a filtrar água dos rios, sempre na esperança de um dia aparecer a primeira pepita dourada. Uma esperança que ia enganando a vida dura que levavam, mas ouro nem sinal.
Até que uma bela madrugada, mal o sol tinha despontado, um dos cinco parou extasiado. Ali mesmo, perto do rio, o sol refletia-se com extraordinário fulgor: era uma pedra redonda, brilhante, luminosa que o atraía.
Chamou os amigos e mostrou-lhes o prodígio. Com o respeito de quem se aproxima de coisa sagrada, os quatro não tiveram dúvidas: aquela pedra era mesmo ouro puro.
Com as mãos febris, começaram a tirar a terra molhada que envolvia a pedra miraculosa e o assombro foi ainda maior: aquela pedra provinha de uma rocha toda de ouro.
Instintivamente recobriram a pedra com a terra molhada e marcaram encontro para a noite, a fim de acertar as idéias sobre a decisão a tomar. Todos concordaram em não revelar a ninguém aquele segredo.
O dia seguinte era Domingo e os cinco desceram ao povoado. Era o dia em que habitualmente todos os emigrantes ali estacionados à busca do mesmo se encontravam para conviver.
Foram à missa, almoçaram na cantina com os conterrâneos, bailaram com as moças da terra e dormiram felizes.
De manhã, como se nada tivesse acontecido, regressaram para o monte. Para surpresa sua, deram-se conta de que vários homens os seguiam. Olharam-se para ver quem teria sido o traidor.
Mas ninguém quebrara o segredo. Um deles se voltou e perguntou aos que os seguiam:
– Porque é que nos seguis?
– Porque encontrastes ouro.
– E quem vo-lo disse?
– Ninguém.
– Então como sabeis?
– Como sabemos?
Ora, vê-se nos vossos olhos. ”
Que bom seria se as pessoas pudessem ver estampado em nosso rosto a alegria do evangelho e a paz do tesouro encontrado!
Dom Jaime Pedro Kohl
Bispo de Osório