A dor crônica é uma condição debilitante que afeta milhões de pessoas em todo o mundo. Embora existam tratamentos disponíveis, muitos indivíduos enfrentam a dor sem qualquer intervenção, seja por falta de acesso ou de recursos financeiros. No entanto, uma pesquisa recente da Universidade do Sul da Austrália aponta que adotar uma alimentação saudável pode ajudar a reduzir a gravidade da dor crônica.
“Essa é uma maneira fácil e acessível para os pacientes controlarem melhor a condição. É sempre importante que a dor crônica seja diagnosticada por um médico especialista e acompanhada para definir as melhores estratégias. No entanto, é fundamental que se entenda o papel da dieta para reduzir a gravidade da dor e melhorar a qualidade de vida desse paciente”, explica o ortopedista Dr. Fernando Jorge, especialista em Intervenção em Dor (Hospital Albert Einstein) e em Medicina Intervencionista em Dor (Faculdade de Medicina da USP – Ribeirão Preto).
A nutróloga Dra. Marcella Garcez, diretora e professora da Associação Brasileira de Nutrologia (ABRAN), explica “que esse estudo mostra que um maior consumo de vegetais, frutas, grãos, carnes magras e laticínios foi relacionado a menos dor, independentemente do peso corporal. Ou seja, a dieta saudável que compreende um padrão alimentar equilibrado, variado e o mais natural possível é uma excelente opção para o tratamento da dor”.
Riscos da exclusão alimentar sem orientação médica
Explorando associações entre gordura corporal, dieta e dor, os pesquisadores descobriram que um maior consumo de alimentos dentro das Diretrizes Dietéticas Australianas estava diretamente associado a menores níveis de dor corporal, principalmente entre mulheres.
“É muito comum que pacientes com dor crônica retirem alimentos ou até mesmo grupos alimentares da dieta sem indicação médica. E isso, além de desnecessário, pode ser perigoso porque algumas carências de vitaminas podem impactar em outros problemas no corpo”, conta o Dr. Fernando Jorge.
Ademais, a Dra. Marcella Garcez explica que “a falta de cálcio em pacientes que eliminam os lácteos sem uma dieta balanceada, por exemplo, pode causar dor abdominal, náuseas, dores ósseas, fraqueza muscular, confusão mental e fadiga”.
Dieta saudável ajuda mesmo sem perda de peso
Embora o sobrepeso e a obesidade sejam fatores de risco para dor crônica, o estudo concluiu que ter esse tipo de alimentação reduz a dor crônica independentemente da composição corporal. “De qualquer maneira, reduzir o peso corporal nesses casos trará um resultado ainda melhor”, esclarece o Dr. Fernando Jorge.
O estudo mostra como fatores modificáveis, como a dieta, podem ajudar a controlar e aliviar a dor crônica. “É de conhecimento comum que comer bem é bom para sua saúde e bem-estar. Mas saber que mudanças simples em sua dieta podem compensar a dor crônica pode mudar a vida de pessoas que convivem com a dor”, diz a Dra. Marcella Garcez.
Alimentos anti-inflamatórios e antioxidantes
No estudo, mulheres com dietas mais equilibradas tiveram níveis de dor menores e melhor função física. “É possível que as propriedades anti-inflamatórias e antioxidantes dos principais grupos alimentares mais saudáveis sejam o que reduz a dor”, aponta o Dr. Fernando Jorge.
Por isso, incluir frutas frutas e vegetais ricos em antioxidantes na dieta é fundamental. “Opções como o morango, o mirtilo, a amora, a framboesa, a cenoura, o espinafre, o pimentão e os brócolis são interessantes, pois combatem o estresse oxidativo, a inflamação, ajudam a melhorar a saúde geral e a reduzir a ocorrência de dores crônicas”, esclarece A médica Marcella Garcez.
Além disso, a médica destaca a importância do ômega 3 no cardápio de quem sofre com dores crônicas. “Pessoas com artrite e outras condições inflamatórias nas articulações podem se beneficiar do ômega 3, pois ele ajuda a reduzir a inflamação e a rigidez, melhorando a mobilidade e diminuindo a dor. Podemos encontrá-los em peixes como salmão e atum, e em sementes como a de chia e de linhaça, e nas nozes”, afirma a Dra. Marcella Garcez. Assim, os médicos concluem que uma dieta nutritiva e saudável traz benefícios tanto para alívio da dor crônica quanto para o bem-estar geral do corpo.
Por Maria Claudia Amoroso