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Ver para crer ou crer para ver? – Por Dom Jaime Pedro Kohl

IMG_1180-195x300111111111Dizíamos na semana passada que é convicção firme e forte para nós que a celebração da Páscoa é a atualização do mistério da paixão, morte e ressurreição de Jesus, ação libertadora de Deus, que nos faz passar da morte para a vida, do pecado para a graça, da escravidão para a liberdade; que põe de pé, faz reviver, dá energia e força a todos aqueles que confessam o nome de Jesus; que faz novas todas as coisas, rejuvenesce, ergue, dinamiza, desperta, encanta, convida a crer.

Coisas bonitas para quem já está iniciado na fé, talvez incompreensíveis para quem ainda não teve essa graça. Durante o tempo pascal, muitos textos bíblicos e sinais vão clareando o mistério da Ressurreição.

Nas Escrituras, um sinal não é simplesmente um evento milagroso, mas algo que aponta para uma realidade de significado mais amplo. Analogicamente, é como um sinal de trânsito, que serve para orientar os viajantes de modo que ninguém erre o caminho ou corra risco de acidentes.

Nos textos bíblicos os sinais não servem como provas ou argumentos lógicos para convencer ninguém, porque somente podem ser percebidos por quem faz a experiência de fé e amor.

Nas narrações que nos falam da ressurreição de Jesus isto está muito presente. No texto de domingo passado, por exemplo, encontramos o sinal do túmulo vazio.

 Para Maria Madalena que amava de coração a Jesus, como ele não está mais no túmulo, só podia ter ressuscitado. Pedro chega, entra e vê os panos de linho do sepultamento no chão e o pano que cobria o rosto de Jesus dobrado a parte. Fica surpreso, mas não crê. João, o discípulo amado, viu e acreditou.

Somente a fé e o amor possibilitam ver nos sinais da ausência do corpo, a presença do Ressuscitado. Então, o sepulcro vazio não é prova cientifica da ressurreição?

Não. Mas dadas as circunstâncias que o acompanham é um sinal que pode ajudar a crer. Assim o santo sudário pode ser um elemento de ajuda, mas não determina nossa fé no mistério da ressurreição.

A resistência de Tomé em crer no testemunho dos colegas afirmando categoricamente: “Se não colocar o dedo nas suas chagas não acreditarei” fez com que Jesus Ressuscitado, aparecendo novamente aos doze, proclamar: “Creste porque viste, bem-aventurados os que creem sem ter visto”.

Portanto, o ‘crer’ ajuda a ‘ver’ o verdadeiro sentido das coisas. O ‘ver’ não é tão essencial quanto parece. Como Tomé, podemos confessar mesmo não vendo: “Meu Senhor e meu Deus!”

Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osóriodomjaimep@terra.com.br

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