Dom Jaime Pedro Kohl
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Vinde sozinhos para um lugar retirado – Dom Jaime Pedro Kohl

Vinde sozinhos para um lugar retirado

Esse convite de Jesus feito aos doze discípulos depois do retorno da experiência missionária realizada, onde puderam experimentar a alegria de fazer o bem em nome de Jesus que os enviou, é significativo e um indicativo importante para todos, especialmente, para quem anda muito atarefado e envolvido em cuidar dos outros.
Jesus sentiu a necessidade de sair do tumulto com o grupo dos discípulos “para descansar um pouco”.Bonita essa sensibilidade de Jesus com os seus e, certamente, com a finalidade de ajudá-los a refletir e absorver o significado do seguimento e da missão que logo mais vão ter que assumir.

Isso que era comum na prática de Jesus – retirar-se num lugar afastado/deserto de noite ou de madrugada – assinala um jeito de viver ou de sobreviver para as pessoas que são muito ocupadas. Parece que essas precisam mais que as outras, quase como uma terapia para manter o equilíbrio psicológico e espiritual.

Dar-se um tempo para descansar, meditar, refletir e rezar não é, nem um capricho de que tem não tem nada para fazer e nem um luxo para gente rica, mas uma necessidade para manter-nos humanos, sadios e fecundos na missão e até mesmo na profissão.

“Havia, de fato, tanta gente chegando e saindo que não tinham tempo nem para comer”. Arrancá-los desse ativismo pode parecer uma insensibilidade de Jesus, mas na verdade mostra a preocupação mais importante, que é a formação dos continuadores da sua missão. Eles precisam saber dosar o seu tempo entre ação e contemplação, entre estar a serviço dos necessitados e a intima comunhão com o Senhor. E assim ter lucidez naquilo que é essencial.

Não é insensibilidade de Jesus até porque “ao desembarcar, Jesus viu uma numerosa multidão e teve compaixão, porque eram como ovelhas sem pastor”. A compaixão é a atitude constante de Jesus com toda forma de necessidade.Isso é algo importante que precisamos prestar atenção e aprender. Sua mensagem não está somente naquilo que fala, mas sobretudo no que faz, nos seus gestos e atitudes com relação as situações e realidades que se apresentam.

Diante da desorientação da multidão, como Jesus responde? “Começou a ensinar-lhes muitas coisas”. Ou seja, nesse momento o que mais precisam não é de comida ou curas, mas de orientação. Não sabemos o conteúdo do ensinamento, mas certamente lhes deve ter falado do Reino de Deus, do plano do Pai, da sua missão nesse mundo e como essa deveria continuar depois de sua partida.

Vamos com Ele para um lugar afastado: pode ser na beira da praia, num bosque tranquilo, numa igreja silenciosa, no cantinho do teu quarto…
Para refletir: Já fiz alguma experiência séria de retiro espiritual? Afastar-me dos afazeres cotidianos para ficar a sós comigo mesmo, recolhido por um período prolongado de silêncio, lendo e meditando algum texto bíblico ou, simplesmente, pensando sobre o sentido da minha vida? O que impede que faça isso de vez em quando?

Textos bíblicos: Jr 23, 1-6; Ef 2, 13-18; Mc 6, 30-34; Sl 22(23).

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