Vocacionados à comunhão – Por Dom Jaime Pedro Kohl
Com a celebração da Santíssima Trindade, continuamos a acolher a revelação da identidade de Deus e seus projetos salvíficos. Ao longo da história se manifestou como Pai, Filho e Espírito Santo. Assim é o nosso Deus: um só Deus em três pessoas distintas, vivendo numa comunhão plena e eterna.
Como isso pode se dar é um tanto misterioso, mas não impossível de entender. Se nos deixamos iluminar pela Sagrada Escritura, vamos perceber Deus agindo como Pai criador que se comunica com o povo de Israel com sinais e prodígios, descendo para libertar e fazer história com o seu povo, prometendo um Messias que vai restabelecer a unidade e a paz entre todos os povos.
No Novo Testamento, Jesus nos fala que veio do Pai, que sua missão é fazer a vontade dele, que tudo o que faz e ensina é o que viu o Pai fazer e com ele aprendeu. Mas que, depois de redimir a humanidade, reconciliando-a com o Pai, convém que Ele volte, caso contrário não teria como enviar o Espírito Santo que nos ajudaria a entender tudo o que nos ensinou.
Esse Espírito Santo foi derramado sobre os apóstolos reunidos com Maria no cenáculo, transformando-os em corajosos anunciadores da Ressurreição de Jesus. Com o sopro do Ressuscitado receberam o poder de comunicá-lo e todos os que nele acreditam e o acolhem – como Senhor e Mestre – encontram a salvação.
São João dizendo que Deus é amor revela que o nosso Deus é comunhão de pessoas, é família. Essa relação entre as pessoas divinas é tão intensa e forte que se torna uma unidade.
Se Deus é assim, perfeita unidade na diversidade, nós que participamos de sua vida pelo Batismo carregamos conosco o mesmo DNA, animados por único e mesmo espírito: o Espírito Santo de Deus.
Nada mais contraditório que uma comunidade cristã dividida. É o que acontece conosco enquanto cristãos separados. Esta situação não nos ajuda no anuncio do Evangelho. O que torna Deus visível e credível é amor fraterno. Não por nada Jesus rezou ao Pai: “Que todos sejam um, como tu, Pai, está em mim, e eu em ti. Que eles estejam em nós, a fim que o mundo creia que tu me enviaste”.
Podemos concluir que o modelo no qual devemos nos espelhar na construção de nossas famílias e comunidades cristãs é a comunidade trinitária: Pai, Filho e Espírito Santo.
Dom Jaime Pedro Kohl – Bispo de Osório – domjaimep@terra.com.br