Autoritarismo e democracia - Litoralmania ®
Colunistas

Autoritarismo e democracia

Muitas espécies de seres vivos são gregárias por natureza, cada qual à sua maneira. As alcateias de lobos obedecem ao macho dominante que procria apenas com a fêmea alfa, os demais membros compõem o grupo. Nas colmeias as atribuições são claramente definidas e bem específicas: a rainha tem por finalidade precípua, após ser fertilizada em seu voo nupcial, passara vida reclusa dedicada à reprodução. Apenas um dos zangões seacasala, após o que todos são sumariamente descartados. As operárias, assexuadas, tem por função a manutenção da colmeia e, quando necessário, sua defesa. Sir Thomas Morus (More) em “Utopia” lucubrou uma sociedade humana em muitos pontos similar.

O homem, desde o primórdio se organizou em sociedade que evoluiu através do tempo. Inicialmente o patriarcado, no qual o decano reinava absoluto e o primogênito herdava os bens e o poder (Esaú, Jacó e o prato de lentilhas trocado pela primogenitura).

Seguiu-se o sistema tribal, ainda existente em muitos pontos do planeta. Um conjunto de famílias sob a égide dum chefe.

O aumento populacional forçou o surgimento de nações, regime até hoje vigente. Dicotomizou-se o status do poder, surgiu o autoritarismo, poder absoluto e, recentemente, a democracia, poder delegado ao povo. O autoritarismo por sua vez pode ser laico – o comunismo é sua expressão máxima ou religioso – teocracia como no Irã – com suas variantes.

O comunismo, a versão mais drástica do socialismo é uma doutrina econômica e sociopolítica de cunho revolucionário, elaborada pelos teóricos alemães Karl Marx e Friedrich Engels, que prevê a superação do capitalismo por meio da luta de classes, o fim da propriedade privada dos meios de produção, a instauração dum partido único e, num último estágio, a supressão do Estado e o estabelecimento de uma sociedade sem classes. Degenerou em todos os países em que vigeu e o aforismo “todos são iguais” transmutou-se em “todos são iguais, porém alguns são mais iguais”, surgiu a “Nomenklatura”.

A democracia, sistemapolítico em que os cidadãos elegem seus dirigentes por meio de eleições periódicas, em que há liberdade de associação e expressão e no qual não existem distinções ou privilégios de classes hereditários. Na prática, em alguns países descambou para o capitalismo selvagem no qual prevalece a lei do mais forte, mais rico, mais agressivo. A plebe perdeu muitos de seus direitos igualitários.

Hodiernamente o socialismo se interpõe para dar um viés mais equânime, na prática resulta numa simbiose com o capitalismo. Aproveitando a superior eficiência do capitalismo na obtenção de resultados tecnológicos e econômicos graças à livre iniciativa e agregando uma consciência mais justa e distributiva – saúde, segurança e educação patrocinados pelo governo, por exemplo – sinaliza a rota a ser seguida daqui por diante. Países como a Suécia estão avançando em passos largos para socialdemocracia, regime que, no meu entender, escoimará os deletérios malefícios dos regimes antagônicos (comunismo – capitalismo selvagem).

Nada poderemos encontrar mais contrastante com a progressista social democracia que o regime chinês.Agrega o desumano extraído do regime comunista que se notabilizou nos goulags siberianos, com o egoísta capitalismo selvagem. Centenas de milhões de “cidadãos” trabalham em regime de semiescravidão, sem direitos trabalhistas nem respeito pela pessoa humana – direitos humanos? O que é isso camarada? – para usufruto duma “Nomenklatura”miliardária.

Aos que ainda tem resquícios de confiança na utopia socialista monolítica sugiro comparar o contraste tonitroante quando os sistemas antagônicos coexistem lado-a-lado: Alemanha Oriental – muro de Berlim – Alemanha Ocidental; Coreia do Norte-Coreia do Sul.

A União das Repúblicas Socialistas Soviéticas se esboroou e, constantemente, procura aglutinar o imiscível.

Em 05/01/1968 Alexander Dubcek tentou humanizar o comunismo. A “Primavera de Praga” foi sepultada em 21 de agosto quando a União Soviética e os membros do Pacto de Varsóvia invadiram a Tchecoslováquia.

Depois do fim da União soviética um grupo de líderes da Chechênia tentou a independência. Entre 1.994 e 2.003 os conflitos armados custaram aproximadamente 150.000 mortos.

Os conflitos nos Balcãs, dos quais a Croácia é o exemplo mais recente, consubstanciam os problemas, aparentemente insolúveis, de aglutinação dos países da ex-URSS.

Comentários

Comentários