Mitridates VI - Por Jayme José de Oliveira - Litoralmania ®
Jayme José de Oliveira
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Mitridates VI – Por Jayme José de Oliveira

Jayme José de Oliveira
Jayme José de Oliveira

A história greco-romana abriga lendas, mitologia e fatos reais duma maneira que torna difícil uma análise que que não seja miscigenada. O mesmo pode ser dito quando se aborda outras culturas contemporâneas.

Reis, imperadores e líderes de toda sorte sempre viveram sob a “Espada de Dâmocles” representada pela traição, inveja e cobiça dos que os cercavam, mesmo os mais próximos. Nem se excluíam os parentes mais chegados. Júlio César foi assassinado pelos senadores romanos (até tu, Brutus?) quando estava em pleno apogeu. Outros envenenados. Mitridates VI (132 a.C. – 63 a.C.), rei do Ponto na Anatólia, imaginou um artifício: passou a ingerir diminutas doses dos venenos conhecidos, diariamente, aumentadas paulatinamente até conseguir imunidade.

Este princípio é utilizado até o presente na elaboração de soros como o antiofídico e outros, processo que foi denominado mitridatisno. Intoxicações com álcool, nicotina, entorpecentes vários (cocaína, ópio, heroína) também mitridatizam os usuários, porém, sempre há o risco de uma overdose fatal.

Se passarmos para os hábitos e costumes, o mesmo ocorre. Pequenos desvios de conduta, um sinal vermelho atravessado, um limite de velocidade ultrapassado, uma sonegação, um suborno para contornar burocracia, etc., vão embotando nossa consciência de tal modos que tendemos a admitir corrupções e outros descaminhos das autoridades. Apenas quando o volume se agiganta nos sentimos molestados e protestamos, no geral inutilmente.

Lembram a fábula da “Galinha dos ovos de ouro”? Por cobiça exacerbada o dono da ave, não satisfeito com a obtenção da fortuna paulatinamente, matou-a imaginando recolher todos duma única vez e… ficou a ver navios.

O Petrolão pode ser comparado à fabula de Esopo. Enquanto recolhiam os “ovos dourados” com parcimônia, tudo correu às mil maravilhas. Propinas entrando, dinheiro depositado em contas nos paraísos fiscais, obras sendo construídas com aditivos e repartidas entre os interessados, tudo muito discreta e secretamente. Cresceram o olho? Desandou a maionese, vão ficar sem nada e pior… Amargar o “sol quadrado” e desta vez não serão poupados os eternamente blindados, parece que a overdose se fez presente. Ao menos é o que espera a maioria silenciosa e, esta sim, honesta.

Jayme José de Oliveira

cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

 

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