A endometriose, condição inflamatória crônica que afeta milhões de mulheres em idade reprodutiva, vai muito além das dores intensas e desconfortos físicos: ela compromete a rotina, o bem-estar emocional e até mesmo as relações pessoais.
Mas uma nova luz surge no horizonte. Um estudo da Universidade do Cairo, publicado no Journal of Physical Therapy Science, aponta que a prática regular de exercícios físicos — como alongamentos e correções posturais — pode se tornar uma aliada poderosa no alívio dos sintomas e na melhora da qualidade de vida das pacientes.
“A liberação de endorfinas atua como um analgésico natural, ajudando a reduzir o desconforto pélvico e muscular. Já a correção postural e os alongamentos aliviam tensões e aumentam a mobilidade”, explica o ginecologista Marcos Maia, especialista em endometriose e dor crônica feminina.
A atividade física também traz ganhos significativos para a saúde mental das mulheres, como destaca o especialista: “Outro ponto importante é o impacto emocional. O exercício ajuda no controle da ansiedade e da depressão, que são muito comuns em quem convive com a endometriose”, completa o médico.
Atividade física complementa o tratamento
Apesar dos benefícios, o Dr. Marcos Maia reforça que o exercício físico deve ser entendido como um complemento ao tratamento médico — nunca um substituto. “A endometriose é uma condição ginecológica complexa, na qual o tecido semelhante ao que reveste o útero cresce fora dele, atingindo ovários, bexiga ou intestino. Não tem cura, mas há tratamentos eficazes para controle”, afirma ginecologista.
Os tratamentos disponíveis variam conforme o caso e podem incluir medicamentos hormonais, que inibem a ação do estrogênio (hormônio que estimula o crescimento do endométrio), até cirurgias minimamente invasivas para remoção das lesões, como as realizadas por laparoscopia ou via robótica.
Estudo comprova os benefícios dos exercícios
A pesquisa analisou 20 mulheres com endometriose leve a moderada, com idades entre 26 e 32 anos. Durante oito semanas, as participantes realizaram sessões de exercícios supervisionadas três vezes por semana. Os resultados foram animadores: a intensidade da dor, que inicialmente estava em nível 4 (muito intensa), caiu para 1 (leve). Também houve melhora significativa na postura, com redução da cifose torácica em 3,5 graus.
Entre os principais mecanismos envolvidos, os autores do estudo destacam a melhora na circulação sanguínea, a redução da inflamação, o relaxamento muscular e a liberação de neurotransmissores como a serotonina, que regula o humor e ajuda a reduzir a percepção da dor.
Importância dos exercícios com acompanhamento médico
A recomendação dos pesquisadores é que mulheres com endometriose pratiquem exercícios ao menos três vezes por semana, com sessões de 30 a 60 minutos — sempre com acompanhamento de profissionais da saúde, como fisioterapeutas ou educadores físicos especializados.
“Os benefícios são reais, mas cada corpo é único. Por isso, o planejamento individualizado e o acompanhamento médico são fundamentais para garantir segurança e resultados duradouros”, reforça Marcos Maia.
Dicas de exercícios para quem tem endometriose
Entres os exercícios que podem ajudar a aliviar os sintomas da endrometriose, destacam-se:
- Alongamentos suaves: ajudam a liberar a tensão muscular na região pélvica e lombar. Faça diariamente, respeitando seus limites;
- Respiração diafragmática: melhora a oxigenação e promove relaxamento. Inspire profundamente pelo nariz e solte o ar pela boca, de forma lenta;
- Caminhada leve: trinta minutos por dia já fazem diferença. O ideal é manter uma regularidade e evitar excessos;
- Pilates clínico ou yoga terapêutica: focam na consciência corporal, no controle da respiração e na melhora da postura, com baixo impacto;
- Natação ou hidroginástica: excelentes opções para aliviar a dor, pois reduzem a sobrecarga nas articulações e promovem bem-estar geral.
Por fim, evite exercícios de alta intensidade sem orientação médica. O excesso pode causar inflamações e agravar os sintomas. Escutar o próprio corpo é essencial!
Por Andressa Marques