Projeto quer proibir acesso de crianças a jogos que estimulam violência
Proibir o acesso de crianças e adolescentes a programas informatizados e jogos que induzam ou estimulem a violência nas lojas de comércio ou prestação de serviço no Rio Grande do Sul é o objetivo do Projeto de Lei (PL) nº 71/2008, de autoria do deputado Kalil Sehbe (PDT). De acordo com a proposição, podem estimular a violência programas, brinquedos, jogos e games que permitam ao usuário executar a destruição, a morte ou o dano físico e psíquico de qualquer forma de vida.
Conforme a proposta, após aprovação em plenário, a lei poderá ser regulamentada, especialmente quanto ao estabelecimento de sanções. Para o deputado autor do PL, deverá haver controle e fiscalização para que a proibição seja aplicada. “O projeto de lei sai da vontade da sociedade. É a sociedade que não suporta mais ver crimes horríveis acontecendo por incentivo dos jogos. Brinquedos que incentivam quem mata mais, quem atira mais. Infelizmente, não tem nada de educativo. São jogos que incentivam a violência”, defende o deputado Kalil Sehbe.
Conforme o parlamentar, é possível encontrar no mundo todo notícias de atos de violência praticados por crianças. “No Brasil nós estamos vendo coisas horríveis acontecerem, como alunos agredindo professores, discussões que levam a tragédias. Numa análise de pesquisadores da área, tudo o que incentiva a violência, como os jogos, um dia pode ser levado para a prática. Principalmente quando a estrutura emocional desses jovens e crianças não está preparada”, diz. E acrescenta: “acredito que o projeto reflete o que a sociedade está clamando. A princípio, vejo que o projeto será aprovado, mesmo por aqueles que defendem a liberdade total”, conclui.
Na opinião da psicóloga Fernanda Dornelles Hoff, a proposta do deputado Kalil Sehbe é coerente. “A infância e a adolescência precisam ser balizadas por seus tutores, seus pais ou responsáveis. E a sociedade tem a tarefa de intervir naquilo que estes não dão conta. A construção do respeito ao outro e à vida processa-se a partir da assimetria entre adultos e crianças, possibilitando que o indivíduo maduro ou a sociedade diga alguma coisa ao jovem que cresce”, explica.
Com 16 anos de experiência no atendimento psicológico de crianças e jovens, Fernanda afirma que cada vez mais mães e pais procuram seu consultório preocupados com a influência dos jogos eletrônicos na formação dos filhos. “O que antes era o brinquedo construído ludicamente, hoje se apresenta apenas pela via virtual”, diz. Para a especialista, brinquedos e jogos podem estimular a violência em certos casos. “O jogo pode servir como um apoio aos impulsos agressivos”, explica.