China censura internet no Centro de Imprensa Olímpico
A China está aplicando sua censura sobre a internet no Centro de Imprensa Olímpico (MPC, em inglês) e está impedindo o Comitê Olímpico Internacional (COI) de cumprir sua promessa de livre acesso à rede para os jornalistas credenciados para a cobertura dos Jogos de Pequim 2008.
Os jornalistas que já trabalham no MPC não têm acesso a páginas “polêmicas” censuradas há anos na internet chinesa, como as relacionadas ao movimento espiritual Falun Gong, à Anistia Internacional, ao Tibete, à emissora britânica BBC em mandarim e ao massacre da Praça da Paz Celestial.
O presidente da comissão de imprensa do COI, Kevan Gosper, mostrou-se hoje decepcionado com a censura e se desculpou à imprensa internacional pelo “mal-entendido” criado nos últimos sete anos.
“Vocês foram enganados sobre o que foi dito quanto ao livre acesso à internet durante os Jogos, então peço perdão por isto, mas não estou me contradizendo. Haverá uma livre, completa e aberta navegação pela rede”, disse Gosper ao jornal South China Morning Post.
“Não estou aqui para defender as decisões chinesas, mas para assegurar que os jornalistas possam informar sobre os Jogos. Estou decepcionado, pois o acesso à internet não é mais amplo. Mas não posso dizer às autoridades do país o que elas devem fazer”, justificou Gasper.
O porta-voz do Comitê Organizador dos Jogos Olímpicos de Pequim (Bocog, em inglês), Sun Weide, disse hoje que Pequim 2008 oferecerá aos correspondentes estrangeiros “um acesso suficiente e conveniente à internet” e defendeu a censura de páginas como as do movimento espiritual Falun Gong.
Já Robert Godden, porta-voz da Anistia Internacional, acusou o COI de falhar em sua negociação sobre o tema com Pequim. Sua organização publicou na última segunda um relatório com pesadas críticas à China quanto aos direitos humanos.
“Não conseguiram cumprir sua promessa de completa liberdade de imprensa durante os Jogos Olímpicos”, criticou Godden.
Em primeiro de abril, em uma de suas visitas à capital chinesa, a Comissão de Coordenação do COI pediu a Pequim que não restringisse o acesso à internet durante os Jogos Olímpicos.
Posteriormente, o COI prometeu que os jornalistas responsáveis pela cobertura dos Jogos em Pequim poderiam navegar livremente pela internet a partir da abertura da Vila Olímpica, no último domingo, até o encerramento da competição, em 24 de agosto.