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Obras, no Brasil ou no exterior? – Jayme José de Oliveira

PONTO E CONTRAPONTO- por Jayme José de Oliveira
“Por mais brilhante que sejas, se não fores transparente, tua sombra será escura”.

OBRAS, NO BRASIL OU NO EXTERIOR?
Quando a família atravessa uma fase em que os recursos são escassos eles devem ser direcionados para atender as necessidades fundamentais, as que podem ser postergadas sem causar maiores contratempos serão adiadas sine die. Alimentação, moradia, vestuário, medicamentos, educação dos filhos, despesas para manutenção do lar e outros itens essenciais devem ter prioridade absoluta. Turismo, entretenimentos, guloseimas, esportes, etc., devem ser colocados em segundo plano. Quando os itens prioritários tiverem sido satisfeitos, então, e só então passaremos a nos dedicar ao importante exercício de espraiar para a comunidade aquilo com que podemos colaborar.

Notem que há uma classificação por necessidade nos projetos a serem realizados, os essenciais prioritariamente. É possível, sim, postergar aqueles destinados à sociedade, felizes os que podem minorar os sofrimentos alheios com recursos próprios disponíveis. Atentem, contudo, qual o julgamento que faríamos daqueles que invertessem as prioridades e despendessem muito do que possuem para os próximos, deixando seus afins passando necessidades e condicionando-os a viver em privações?

Deixo a quem assim se julgar abalizado a resposta.

Mutatis mutandis, o mesmo padrão de procedimento deverá ser exigido dos responsáveis pelo manejo das verbas públicas oriundas dos impostos que são arrecadados para usufruto da sociedade.

Líderes, muitas vezes por convicções as mais diversas pensam eventualmente de maneira diametralmente oposta. Levados a julgar que a distribuição de verbas a nações mundo afora – sabemos que a miséria campeia em todos os lados – é uma forma essencial de agir, financiam empreendimentos externos em detrimento dasnecessidades nacionais.

Mato a cobra e mostro o pau:

A duplicação da Avenida Tronco, em Porto Alegre, projeto que abrange 6,5 quilômetros, iniciada em março de 2012, com entrega prevista para junho de 2014, tem apenas 5,2 quilômetros em uso. Prevista para a Copa de 2014, a maior obra em tamanho e orçamento de Porto Alegre se encaminha para a reta final. A construção andou em passos de tartaruga, paralisou em outubro de 2016 por falta de recursos. Os serviços foram retomados em junho de 2018 e suspensos novamente em julho de 2019, pelo mesmo motivo. Em fevereiro de 2020 a obra recomeçou para não mais parar. Além da duplicação estão previstas uma série de melhorias, só na duplicação estão serão investidos R$ 129 milhões. (ZH, 7/7/2022)

Todos conhecemos a expressão “Obras de Santa Engrácia”, é uma frase lisboeta, significa algo que nunca vai acontecer ou demorará muito para ser concretizada. A construção da Igreja de Santa Engrácia demorou centenas de anos para ser concluída, sendo apenas inaugurada em 1966, o que explica este dito popular.

Quando referimos a Copa de 2014 se remonta à pletora de obras, algumas faraônicas, como estádios de futebol, realizadas com vistas à Copa FIFA de Futebol, realizada no Brasil. Muitas ficaram inconclusas, outras atrasadas, algumas esquecidas, como o Metrô de Porto Alegre. Nesse ínterim, é de domínio público – nem precisamos citá-las –as executadas no exterior por empresas brasileiras e financiadas com juros subsidiados pelo BNDeS tiveram andamento acelerado e prestam relevantes serviços em países mundo afora.

Por quê no Brasil a tartaruga serve como parâmetro para o andamento?

Jayme José de Oliveira
cdjaymejo@gmail.com
Cirurgião-dentista aposentado

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