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Chávez e os guerrilheiros

Como de hábito, o presidente venezuelano Hugo Chávez atraiu novamente os holofotes da mídia internacional, esta semana, ao interceder junto às FARC (Forças Armadas Revolucionarias da Colômbia), numa hábil manobra militar e diplomática, no intuito de providenciar a libertação de duas mulheres, mantidas reféns pela guerrilha. São elas Clara Rojas (44 anos), que era candidata a vice-presidente da Colômbia e inclusive teve um filho com um guerrilheiro no período de cativeiro (Emmanuel, 3 anos) e Consuelo Gonzáles (57 anos), então deputada.

O presidente da “República bolivariana” concluiu com êxito mais uma cartada de mestre, na sua tentativa de alcançar a liderança política no continente latino-americano, pois, “comprou briga” com os colegas Álvaro Uribe (Colômbia) e George Bush (Estados Unidos), enquanto o presidente Lula permaneceu “neutro”, e neste caso, teve sucesso. Tanto, que ainda teve a ousadia de propor a retirada da guerrilha colombiana da relação internacional de organizações consideradas terroristas, proposta que foi imediatamente rechaçada pelas duas ex-cativas e pelo presidente colombiano.

Algumas considerações devem ser feitas sobre o episódio, e a primeira delas é a de que a nossa pobre América Latina ainda necessita de “caudilhos salvadores da pátria” e de “grupos guerrilheiros”, numa clara demonstração de que o sistema capitalista de mercado e o próprio neoliberalismo chegam atrasados e deformados aos nossos países periféricos.

Outra constatação é a de que as atuais FARC em nada lembram os românticos guerrilheiros latinos dos anos 60, que têm em Che Guevara seu ídolo maior, pois, aqueles ao menos tinham inspiração política, ufanística e utópica, e não lhes cabia o título de “terroristas”, ao contrário dos de agora, mais preocupados com o tráfico de cocaína.

Por derradeiro, creio que é preciso tomar muito cuidado quando taxamos alguém ou algum grupo de “terroristas”, “fascistas”, “bandidos”, etc., somente porque não pensam igual a nós, ou não comungam da mesma ideologia ou religião, porque isto é intolerância, orgulho e egoísmo, e já levou o mundo a inúmeras guerras. Tenho convicção de que vio1ência gera mais violência. Devemos inverter esta lógica, e ao invés de acompanharmos Chávez ou Bush, proponho seguirmos a ideologia da não-violência preconizada e vivenciada, entre outros, por Ghandi, Buda, Jesus Cristo, Betinho, etc.

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