Crise deve atingir classe C após o Natal, diz pesquisa
Os efeitos da crise financeira mundial ainda não chegaram ao bolso dos brasileiros das classes C e D, mas empresas das áreas de telefonia celular, cartão de crédito, lazer, vestuário e concessionárias de serviços públicos devem se preparar.
O Natal está garantido. Depois disso, se esses consumidores, que responderam pelo crescimento do consumo no país via crédito, perceberem sinais de que a crise se agravou, começarão a economizar e já elegeram gastos nessas áreas como os primeiros a serem cortados ou fortemente reduzidos a partir de 2009.
Essa é uma das conclusões da pesquisa “Retratos da Crise: As Classes C e D em Estado de Alerta”, feita entre os dias 25 e 31 de outubro pela agência de propaganda McCann Erickson e pelo instituto Data Popular, com 1.720 pessoas das classes C e D em capitais e grandes cidades de sete países da América Latina — Brasil, Chile, Colômbia, Costa Rica, Honduras, México e Panamá.
Brasil
A agência consultou pessoas entre 24 e 60 anos, com renda entre R$ 607 e R$ 3.033. A pesquisa mostra que os consumidores das classes C e D no Brasil, que representam 54% da população, ainda não sentiram os impactos que a crise pode ter no país e em suas famílias, mas estão apreensivos.
Entre os efeitos que acreditam que afetará diretamente suas famílias, 36% acham que o consumo vai diminuir, devido ao aumento dos preços dos produtos, e 32% pensam que o desemprego vai aumentar e pode afetar sua capacidade de honrar pagamentos.
Nesse contexto, 66% dos consultados pretendem cortar despesas. Além disso, cerca de 60% dos consultados já consideram a possibilidade de adiar compras.
Natal
O Natal desses consumidores está garantido. A maioria (61%) não fará alterações na festa da véspera de Natal, mas para 66% dos consultados, os presentes serão substituídos por lembranças, e para 55% deles, as férias terão de ser repensadas.
Depois do Natal, 75% vão partir para a renegociação das dívidas. Os sinais de que a crise chegou são o desemprego (46%), o aumento da inflação (32%) e a incapacidade de pagar compras e dívidas (20%). Para 69%, a crise deve durar de seis meses a um ano.
Otimismo
A pesquisa revelou um dado curioso sobre o comportamento dos brasileiros, que são os únicos da América Latina que se sentem menos vulneráveis em relação à crise. Entre os entrevistados dos sete países, 80% acreditam que a situação de seu país está igual ou pior do que nos últimos seis meses.
Mais de 90% dos brasileiros acreditam que a crise afetará o país — dos quais consideram que os impactos serão fortes e 37,9% acham que os efeitos serão fracos.
Ainda assim, os brasileiros são os mais otimistas — 52% acham que outros países sofrerão mais que o Brasil, enquanto os demais consumidores latino-americanos têm a percepção de que seu país sofrerá mais que os outros.