Droga apreendida pela primeira vez no RS tem efeitos devastadores
Em uma ação policial realizada no último dia 10, investigadores da Polícia Civil do Rio Grande do Sul (PC-RS) se depararam com uma descoberta inédita no estado: a apreensão de peiote, um cacto do qual é extraída a substância mescalina.
O caso, que gerou alerta sobre a segurança pública e novos desafios para as autoridades, despertou a busca por informações sobre a droga e seus efeitos.
Novidade para a polícia gaúcha
A apreensão do peiote ocorreu de forma inesperada durante uma investigação em busca de LSD e ecstasy, entorpecentes sintéticos mais comuns nas ações policiais. A descoberta acendeu um alerta para a circulação da droga no estado, até então desconhecida pelas autoridades gaúchas.
“Não havia, até a semana passada, nenhuma informação sobre a circulação desta droga no cenário estadual. A investigação era no sentido das drogas sintéticas. O encontro do peiote é uma novidade para a polícia gaúcha”, afirma o delegado Gabriel Borges, titular da 1ª Delegacia do Departamento Estadual de Investigações do Narcotráfico (Denarc).
Investigação em andamento
A Polícia Civil investiga como o peiote chegou ao Rio Grande do Sul, além de buscar identificar a rede de tráfico envolvida. O preso, um jovem de perfil socioeconômico médio e sem histórico de violência, não revelou a origem da droga. Segundo o delegado Borges, o público-alvo do peiote seria o mesmo das drogas sintéticas: frequentadores de raves e festas de música eletrônica.
Efeitos devastadores
O peiote, apesar de ser utilizado por civilizações ancestrais e até estudado cientificamente, possui alto potencial tóxico e pode gerar graves consequências para quem o consome. A mescalina, substância entorpecente da planta, pode desencadear ou agravar distúrbios mentais, transitórios e até prolongados.
“A mescalina é uma droga conhecida da humanidade há milênios. Utilizada por civilizações ancestrais da América e até estudada cientificamente sobre suas propriedades farmacêuticas. Contudo, trata-se de uma substância bastante perigosa pelos efeitos que produz no sistema nervoso”, adverte o psiquiatra Félix Kessler, chefe do Serviço de Psiquiatria de Adições e Forense do Hospital de Clínicas de Porto Alegre (HCPA).
Riscos e consequências
O consumo do peiote pode provocar alterações de percepção sensorial, estado de humor, despersonalização, desrealização, crises de pânico, ideias paranoicas e até quadros de depressão, ansiedade, transtorno bipolar e esquizofrenia.
“É uma substância que não gera alto grau de dependência, como as drogas estimulantes, mas possui efeitos muito perigosos e imprevisíveis. Podem se resumir a náusea, vômito e o que se chama em gíria de ‘bad trip’. Porém, as reações podem conduzir a pessoa a condições graves de doença mental”, pontua o psiquiatra Félix Kessler.