Foto arquivo de Tramandaí no passado
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A polêmica tanga nas praias de Tramandaí: O que aconteceu em 1973?

A evolução dos trajes de banho no Brasil sempre provocou reações intensas, especialmente entre os conservadores. O tradicional traje de banho, usado desde o final do século 19 até o início do século 20, cobria praticamente o corpo inteiro, tanto para homens quanto para mulheres.

Mas com o passar dos anos, o estilo foi se tornando cada vez mais ousado, gerando discussões sobre moralidade e comportamento social, particularmente nas praias brasileiras.

Nos anos 1940, o biquíni fez sua estreia nas praias do Rio de Janeiro, desafiando normas sociais e causando polêmica.

O biquíni de duas peças, importado da França, foi visto como ousado e inovador. Mesmo assim, as brasileiras não abraçaram a moda imediatamente. A peça recebeu o nome de “biquíni” em homenagem ao Atol de Bikini, no Pacífico, um local associado a testes de explosões atômicas.

O nome, por si só, já remetia a uma ideia de revolução e ruptura com os padrões tradicionais.

A evolução não parou por aí. Em 1973, um episódio particularmente controverso marcou o verão em Tramandaí, no Litoral Norte do Rio Grande do Sul, quando o uso de uma versão ainda mais ousada do biquíni gerou agitação.

Mulheres com biquínis curtos e tangas foram alvos de desaprovação pública.

Nesse episódio, que ganhou destaque nos jornais, uma multidão se formou ao redor de duas jovens que estavam tentando bronzear-se na praia. A curiosidade não era sobre as jovens, mas sobre os trajes que usavam: a tanga, uma versão mais curta e ousada do biquíni.

O jornal Zero Hora, em sua edição de segunda-feira, estampou uma foto na capa com a manchete “Tanga provocou confusão”, detalhando a agitação em torno do episódio.

A reportagem descrevia como centenas de veranistas se aglomeraram ao redor das mulheres.

A situação rapidamente se descontrolou, com gritos e tumultos. O caos gerado foi tal que algumas pessoas chegaram a ser pisoteadas na tentativa de se aproximar da cena.

No meio do tumulto, os policiais militares tentaram controlar a situação, mas a situação já estava fora de controle.

As mulheres, temendo pela segurança, foram escoltadas para fora da praia, entrando em um Fusca com placas do Rio de Janeiro, encerrando o episódio que poderia ter tido consequências ainda mais graves.

Esse momento em Tramandaí se inscreve dentro de um contexto maior de mudança nos trajes de banho.

A tanga, na verdade, foi uma evolução do biquíni.

Em 1974, a revista O Cruzeiro descreveu o nascimento da tanga, que começava a ser vista nas praias brasileiras.

A publicação destacou que na areia fina do Píer de Ipanema, a tanga surgia como uma nova tendência de moda, vestindo “o corpo de mulheres bonitas” no Brasil e, mais tarde, em todo o mundo.

Comparada ao biquíni fio-dental, a tanga era, inicialmente, mais modesta, mas com o tempo a peça foi ganhando a mesma conotação de ousadia que viria a caracterizar o biquíni moderno.

No entanto, o biquíni e, principalmente, a tanga continuaram a causar debates acirrados. Para muitos, o uso dessas roupas de banho ainda representava um desafio às convenções sociais e aos valores conservadores, especialmente em regiões mais tradicionais do Brasil.

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