Cavalgada do mar: algo para ser repensado
“É um mero passeio. É comer, beber e dar risada”. Esta é a leitura feita pela maior e incontestável autoridade sobre a matéria. Ele se tornou mundialmente conhecido como estudioso da Tradição Rio-grandense, com um sem número de trabalhos aprovados em Congressos Tradicionalistas, sendo o maior divulgador de nossa tradição na América do Sul. Desnecessário dizer que me refiro a Paixão Cortes.
A polêmica originou-se pelo excesso de montarias (mais de três mil cavalos, sem levar em conta a centena de cães que acompanhavam a caravana), sobretudo, em razão da morte de dois equinos, ainda no primeiro dia da malfadada cavalgada, e de indisposição de outros tantos, ao enfrentar, sob o sol causticante, a longa e penosa marcha proposta pelos promotores. Em sua defesa, surge a não menos respeitável voz de outro estudioso do tradicionalismo, Antonio Augusto Fagundes.
Nico, no entanto, faz a defesa respaldando-se unicamente na sua incondicional paixão. Dentre as argumentações trazidas, cita o fato de ter sido o primeiro convidado pelo então prefeito municipal de Capão da Canoa, Egon Birlem, e pelo Dr. João José Machado. Ainda é Nico Fagundes que relata “Éramos pouco mais de 50 cavaleiros e, a cada parada eu fazia uma dissertação sobre as finalidades da cavalgada”. Percebe-se certa mágoa quando ele prossegue “Hoje, infelizmente, esses dois grandes nomes não se ligam mais às cavalgadas do mar…”.
O fato lembrado por Fagundes ocorreu, vejam bem, há quase trinta anos, e os cavaleiros eram pouco mais de cinquenta. E se Birlem e Machado não mais estão ligados ao evento – é entendimento pessoal do cronista -, provavelmente se deram conta da desproporção e da inconsequência com que alguns incautos transformaram a cavalgada: um autêntico cirquinho gaudério, servindo apenas ao exibicionismo de alguns poucos que sequer conhecem a história e os reais valores do Rio Grande do Sul.