A artrite séptica é uma infecção grave, sendo causada, na maioria das vezes, por bactérias que invadem o interior da articulação, provocando dor intensa, inchaço, vermelhidão e dificuldade de movimento. Ela pode causar danos permanentes se não for tratada rapidamente. Recentemente, o cantor Mateus Liduário, da dupla Jorge e Mateus, precisou se afastar dos palcos após passar por uma cirurgia no joelho para tratar a doença.
“Essa bactéria alcança o líquido sinovial e causa um processo infeccioso intra-articular, que, na maioria dos casos, evolui rapidamente com dor, febre, limitação da articulação, inchaço e vermelhidão local. É uma urgência ortopédica, isto é, uma vez diagnosticada, precisa ser tratada o mais rápido possível”, explica o ortopedista Dr. Marcos Cortelazo, especialista em joelho e traumatologia esportiva e membro da Sociedade Brasileira de Ortopedia e Traumatologia (SBOT).
Causas da artrite séptica
Segundo o Dr. Marcos Cortelazo, a artrite séptica ocorre devido a uma infecção por agentes como Staphylococcus aureus e Streptococcus principalmente por três causas. “A artrite séptica pode surgir devido a uma inoculação direta do agente infectante, da bactéria. Por exemplo, se o paciente ralar o joelho, pode ocorrer uma infecção local que chega na articulação. Ou então se o paciente passou por uma cirurgia, intervenção ou injeção, como as infiltrações, na articulação em que houve alguma falha na assepsia, a artrite séptica também pode ocorrer. Essas são as causas mais comuns”, diz.
Conforme o ortopedista, o problema também pode surgir por contiguidade, quando, por exemplo, o paciente tem um abscesso próximo da articulação e essa bactéria consegue alcançá-la. “A artrite séptica também pode ocorrer por uma disseminação hematogênica, ou seja, o paciente tem algum foco de infecção em outros locais do corpo, como uma infecção urinária ou dentária, onde houve a inoculação dessa bactéria na corrente sanguínea, assim chegando até a articulação”, explica.
Diagnóstico e tratamento da artrite séptica
O diagnóstico pode ser feito por meio de exame clínico ou punção da articulação. “Por meio da punção, encontramos um líquido com aspecto purulento que pode ser avaliado por meio de uma bacterioscopia ou cultura. Mas precisamos agir rapidamente para evitar que essa bactéria continue a se proliferar e destrua a cartilagem de maneira irreparável, podendo levar até a perda da articulação caso o tratamento seja demorado, com o desenvolvimento de sequelas que se assemelham a uma artrose grave”, alerta o Dr. Marcos Cortelazo.
O médico diz que, na fase aguda, o tratamento consiste na realização de uma cirurgia para desbridamento, para limpeza da articulação. “Essa cirurgia pode ser uma artroscopia ou uma cirurgia aberta. É feita uma lavagem de toda a articulação, retirando os debris e outras as alterações causadas pela infecção. Em seguida, se houver necessidade, podem ser deixados drenos para aspirar aquele líquido por dois, três dias”, diz.
Além disso, é indicada antibioticoterapia, que dura cerca de 30 dias. “Geralmente, as primeiras duas semanas são de administração endovenosa e depois via oral. Mas o tempo de uso do antibiótico dependerá do agente causador, da gravidade da infecção e dos resultados dos exames laboratoriais”, acrescenta.
O ortopedista ainda reforça a importância de identificar infecções à distância. “Muitas vezes a inoculação é direta, mas o paciente pode estar com outro foco infeccioso na boca ou em outra região do corpo. Nesses casos, é fundamental identificar essa infecção, fazer uma cultura e adequar o antibiótico”.
Importância da fisioterapia no tratamento
Segundo o Dr. Marcos Cortelazo, após o controle da infecção, é importante estabelecer uma fisioterapia precoce para prevenir a rigidez articular ou até a perda de função. “A fisioterapia deve ser mantida até uma recuperação completa da função articular, com diminuição de inchaço e ganho de mobilidade”, explica.
Isso ajuda a garantir uma mulher recuperação. “Normalmente, são quadros que se prolongam, em termos de alguma limitação, por dois, até três meses. Então, o paciente muitas vezes não tem mais febre, nota diminuição do inchaço da articulação, mas ainda apresenta dificuldade de mobilidade e certa rigidez”, finaliza.
Por Maria Claudia Amoroso