Data venia
No início dos anos setenta, às bem comportadas, formais e não menos exaustivas e monótonas solenidades de colação de grau no ensino superior, compareciam até mesmo os parentes mais distantes, além da madrinha, dos vizinhos e amigos do bairro. Afinal, era, no século passado, conquista do degrau definitivo para se lançar, via de regra, a uma carreira bem sucedida.
Coube à Faculdade dos Meios de Comunicação da PUC, naqueles idos, a informal e inovadora ideia de, precedendo a entrega dos certificados, projetar, num único inteligente e bem humorado vídeo onde todos os formandos participaram, o trailer do que seria o futuro de cada um nas áreas do jornalismo, do rádio, da televisão, da publicidade, das artes visuais, enfim.
Fora aquele ato insurgente o condão para que nos anos seguintes se abrissem espaços para o formando, ao vivo e a cores, registrar o agradecimento aos pais, irmãos, namoradas, avós, papagaio, periquito, cachorro e aranha de estimação. Sim, o que antes era apenas hilário prolongou-se e transformou a formatura em ato, não raro, de constrangimentos.
Com a proliferação de cursos, ainda nos anos noventa, algumas universidades decidiram pela realização de três ou mais formaturas numa só noite. Onde a primeira atrasasse – o efeito dominó – a última solenidade findava em avançada madrugada.
A Universidade Federal do Rio Grande do Sul pretende, dentre as várias medidas no sentido de agilizar e tornar menos enfadonha a solenidade de colação de grau, pôr fim aos discursos individuais dos formandos e reduzir, drasticamente, o tempo do orador.
A grita do Diretório Central dos Estudantes já ressoa pelos corredores acadêmicos. A revolta está deflagrada.
Se, por um lado, castra a espirituosa manifestação de uns poucos, livra aos convidados do constrangimento por parte de outros formandos. Nada que uma democrática e transigente mesa de negociações não possa levar a um denominador comum.
Agora, cerimônias de formatura sem muito lero-lero, ah, isso seria muito bom!