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Com certeza você já ouviu a expressão “batatinha quando nasce, se esparrama pelo chão”, ou então aquela outra “quem não tem cão, caça com gato”, ou ainda “ficou com cor de burro quando foge”. Enfim, elas quase que fazem parte do nosso dia a dia, são como propriedade intelectual do senso comum. O que algumas pessoas não sabem é que algumas dessas expressões transmitidas de geração em geração já perderam suas formas originais, sendo substituídas por outras. Essas expressões que citei, não por acaso, são exemplos do que estou querendo dizer.

Com o passar do tempo, as expressões foram se modificando e alterando o sentido original da expressão. Por exemplo, a primeira delas originalmente era: batatinha quando nasce, espalha a rama pelo chão – numa referência às raízes da batata. Semelhantemente ninguém nunca deve ter tentado caçar com um gato, até porque não faz sentido, não é? A expressão original é: quem não tem cão, caça como gato – numa referência ao ato de caçar sem companhia, como faz o gato. Alguém já viu um burro mudar cor ao fugir pelo campo? Eu, sinceramente, não! Isso porque a expressão original é: corro de burro quando foge – fazendo referência ao animal, que, ao fugir, pode representar perigo.

Existe ainda um dito popular bastante interessante: de grão em grão, a galinha enche o papo. Lembro-me da minha avó falando isso para que eu não fosse esganado na hora de comer. Essa expressão não mudou com o tempo e o seu sentido é facilmente compreensível por todos, ou seja, com calma e prudência podemos acumular muito, mesmo partindo de pouco, mantendo um crescimento constante. Enfim, isso me soa familiar, se assemelha a nossa Bolsa.

Digo isso porque nos últimos 10 dias tivemos apenas um dia com uma alta mais forte. De resto, a bolsa tem ido num jeitinho meio mineirinho, quietinha, sem grandes oscilações bruscas, com menos volatilidade. Acho isso muito positivo, mostra que nossa bolsa tem força e está crescendo de forma sustentada baseada em fundamentos econômicos (uma vez que esses têm se mostrado muito positivos) e não em especulações ou movimentos infundados.

Nesta semana, o Bovespa conseguiu engatar mais altas, seguindo o clima tranquilo em relação às notícias econômicas mundiais e também a tendência de crescimento dos países emergentes – que mostram desempenho forte, puxando a retomada da economia mundial. No início da semana, o mercado se rendeu ao rebaixamento do rating da Grécia, que, apesar de esperado, não agradou aos investidores. No entanto, a partir de terça-feira, o clima foi de festa – a seleção do Brasil estreou na Copa do Mundo, “secando” a liquidez da Bovespa. Dando continuidade às noticias positivas, tivemos um dado muito positivo de Produção Industrial nos Estados Unidos, mostrando que a economia americana segue forte, mesmo com a retirada de incentivos do governo. Esse era o dado mais aguardado da semana, que contrabalanceou alguns indicadores ruins referentes ao mercado imobiliário e indicadores regionais. Internamente, o destaque foi a Ata do Copom que, apesar de dura, veio em linha com o esperado. O Banco Central está vendo as pressões inflacionárias partirem do excesso de demanda da população brasileira

Tivemos ainda a Espanha entrando em cena, não pela derrota de sua seleção na estreia, mas em função da possibilidade dela vir a pedir ajuda ao Fundo Mundial. Os boatos foram afastados depois que a Espanha fez um leilão de títulos bem sucedido, captando mais de 3 bilhões de Euros, restaurando a confiança dos investidores.

Para a semana que vem temos mais indicadores que podem ajudar a traçar o cenário brasileiro. Na terça-feira esperamos uma aceleração mais modesta para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que será divulgado pelo IBGE, e na quinta-feira a Taxa de Desemprego brasileira, que deve apresentar um recuo refletindo o cenário de crescimento do Brasil. No âmbito internacional, a ausência de notícias negativas tira a Europa do radar, dando espaço para a agenda de indicadores americanos ditar o rumo dos negócios. Dentre os destaques, aguardamos o PIB revisão dos Estados Unidos e também a decisão sobre a taxa de juros do país – não esperamos mudanças na taxa, em virtude do cenário frágil europeu e dos pronunciamentos por parte do FED de que o juro nos Estados Unidos deve se manter baixo por um longo período de tempo.

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