Saravá, Bahia
Sei que muitos dos meus poucos, porém, generosos leitores haverão de, sem qualquer clemência, me criticar. No entanto, pressupõe-se que neste Brasil, politicamente tão combalido, achincalhado, vilipendiado, ainda vigore o Estado Democrático de Direito.
Não compareci perante minha secção eleitoral. Foi, assim, minha forma de protesto aos “datafolhas-ibopes” da vida que, antecipadamente, votaram e (quase) elegeram “seus” candidatos em meu nome, no seu e de muitos brasileiros. Por que razão perderia meu tempo, em me deslocando à mesa eleitoral, para digitar uma maquininha que, em termos de confiabilidade, está sendo alvo de escárnio dos países do Primeiro Mundo?
Gabriel Garcia Márquez, Prêmio Nobel de Literatura, autor do clássico Cem Anos de Solidão, escreveu ainda Crônica de Uma Morte Anunciada. Desnecessário dizer que, desde o primeiríssimo parágrafo do primeiro capítulo desta obra o leitor sabe de antemão que o protagonista, Santiago Nasar, será assassinado.
As pesquisas realizadas pelos institutos igualmente cometeram o mais hediondo dos crimes. A partir dos resultados das primeiras, no ano de 2009, ainda que discreta, foram elas notoriamente manipuladas, sobretudo as “encomendadas” pela Vênus Platinada, aquela do “Plim-plim”, e suas afiliadas.
Tal Santiago Nasar, a democracia brasileira foi vítima anunciada do descaramento e da desfaçatez contida nas entranhas putrefatas das instituições de pesquisas que culminaram com o assassinato do que ainda podíamos considerar como Estado Democrático de Direito. Se este era um arremedo, agora jaz sob o fétido e defecado mausoléu dos parlamentos e dos palácios do Planalto Central.
Por isso, segui, na sexta-feira, primeiro dia de outubro, para a Boa Terra. Consolei-me, ante a voz suave e dolente do menestrel baiano que me dizia:
“Marina morena Marina você se pintou
Marina faça tudo
Mas faça o favor
Não pinte este rosto que eu gosto
Que eu gosto e que é só meu
Marina você já é bonita”
Com o que Deus lhe deu